Comportamento

Celebridade por um dia
Anônimos pagam caro para ser perseguidos por paparazzi. Tudo para garantir seus 15 minutos de fama

Claudia Jordão
 

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O ator americano Keanu Reeves foi absolvido da acusação de atropelar um paparazzo brasileiro que o perseguia, em março de 2007, em Los Angeles, na Califórnia. Na última semana, o astro conseguiu provar que moveu seu Porsche lentamente na direção de um grupo de fotógrafos, com a simples intenção de afastá-los de si. Casos de desentendimentos e até mesmo de agressões físicas entre celebridades e seus paparazzi são corriqueiros. O surpreendente é que, ao mesmo tempo que boa parte dos famosos sonha com um único dia de paz, há anônimos loucos para serem perseguidos por um mar de fotógrafos e terem sua privacidade escancarada. Atenta a esse fenômeno, a empresária americana Tania Cowher abriu a agência de paparazzi privados Celeb4aday (celebridade por um dia, em português) e desencadeou o crescimento de um tipo de serviço, no mínimo, curioso.
Funciona assim: o anônimo que sonha em ser famoso entra em contato com a agência e passa seu itinerário do dia. Ao chegar ao local combinado, um café, um restaurante ou um clube, por exemplo, o contratante é recepcionado por jornalistas – de mentira, claro – e é fotografado e entrevistado à exaustão. Mas a fama tem seu preço. Para poder viver esse momento de glamour e holofotes, o cliente desembolsa uma média de US$ 500 (cerca de R$ 1 mil) por um pacote de quatro horas de duração, dependendo da cidade. De brinde, ganha foto estampada numa capa de revista, de mentira também. Fundada em novembro de 2007, em Austin, no Texas, a Celeb4aday é sucesso absoluto e já possui filiais em Los Angeles, São Francisco e Nova York. Há pelo menos outras duas empresas do tipo nos Estados Unidos, uma na Inglaterra e outra na Austrália. “Desde que abrimos, fazemos de quatro a seis clientes por final de semana”, revela Tania, que continua com seus planos de expansão. “São desde crianças de seis anos, que querem brilhar em suas festinhas, até idosos.”
Segundo o psicoterapeuta Ari Rehfeld, professor da Faculdade de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC), hoje em dia uma celebridade cumpre papel equivalente ao da realeza na fantasia das pessoas. “Antes, as moças queriam ser princesas. No século XXI, tudo é mais midiático”, diz. “Quem procura esse tipo de serviço está carente de atenção, de se sentir importante, relevante.” O paparazzo privado pago é, no entanto, bem diferente do convencional. A agência deixa claro que seus fotógrafos não fazem perseguições arriscadas de carro e que, se o pseudofamoso se atrasar, será cobrada uma taxa de US$ 50 a cada 25 minutos. Pois é, vida de celebridade não é fácil.

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