Acostumado a meter o bedelho na privacidade dos outros como diretor do Big Brother Brasil, da Rede Globo, José Bonifácio de Oliveira, o Boninho, 43 anos, está no meio de uma polêmica que expõe sua intimidade familiar. Seu irmão Diogo Boni, 26 anos, reclama que o reality show global introduziu em sua quinta edição várias inovações de sua autoria sem autorização. Os dois são filhos de um dos responsáveis pelo “padrão Globo de qualidade”, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, hoje dono da TV Vanguarda, afiliada da Globo em Taubaté, no interior paulista. Diogo está prestes a lançar seu próprio reality show na internet, o Vidrados, com seis participantes confinados em uma casa de vidro num shopping carioca. Usando a rede de computadores, terão de comprar tudo de que precisam para sobreviver. Previsto para janeiro, o net-programa foi adiado por causa das semelhanças que Diogo constatou entre seu programa e o BBB 5. “No projeto do Vidrados, registrado em novembro, está escrito que teríamos uma moeda própria, a possibilidade de o participante sair da casa e a escolha de participantes pelo telefone. Novidades que foram incluídas no BBB 5”, afirma.

Boninho não quis comentar as acusações, e o experiente Boni minimizou o caso. “O programa de Diogo é uma espécie de comercial que não foi e nem se sabe se irá ao ar, enquanto o Big Brother é um formato de sucesso mundial. Disse ao Diogo que ele primeiro precisa botar o ovo para depois cantar. Pode ter acontecido coincidência em um ou outro ponto, mas nada importante”, reduziu. A Globo também prefere não comentar as acusações, mas por meio de sua assessoria lembra que “curiosamente, antes de se dedicar aos projetos pessoais, Diogo fez estágio no site do Big Brother Brasil, portanto com acesso a todo o conteúdo do programa”.

ISTOÉ – O Big Brother Brasil 5 copiou idéias que vocês executariam?
Diogo Boni – Em dezembro, a imprensa anunciou que eu faria um Big Brother pela internet. Para mostrar que não era isso, eu apontei as diferenças, que hoje não são tantas assim. Algumas coisas novas que a gente lançaria foram antecipadas pelo Big Brother. Não sei por quem, nem sei por que está acontecendo isso, mas algumas idéias introduzidas foram iguais ao que pensávamos fazer.

ISTOÉ – A partir dessa divulgação, isso foi interceptado?
Diogo – Em nenhuma das edições anteriores do Big Brother os participantes compravam coisas para a casa, nunca aconteceu a escolha de participantes por telefone, nem houve uma moeda própria ou a permissão de saída de participantes da casa. Isso tudo está acontecendo agora e foi listado no jornal quando falei das diferenças dos projetos. No nosso, as seis pessoas têm de comprar tudo para a casa. Vão usar a internet para adquirir móveis, roupas, remédios, tudo. E isso está sendo feito no Big Brother.

ISTOÉ – É uma cópia?
Diogo – (Risos) Acho muita coincidência porque em nenhum Big Brother houve isso.

ISTOÉ – Você e Boninho já conversaram sobre o assunto?
Diogo – Não, e acho que não vamos conversar. Não digo que foi o Boninho que fez isso, mas não gostei da postura da Rede Globo. Não achei uma atitude decente porque só começaram a fazer depois que souberam do nosso projeto.

ISTOÉ – Boninho parece preferir o silêncio.
Diogo – Ele poderia dizer que está tudo tranquilo, que não há nada. O silêncio dele deixou transparecer essa guerra toda. Ele trata as pessoas de uma forma ríspida. Então acaba que as pessoas sentem um pouco esse clima. Ele não vai falar bem nem mal, vai ficar quieto. Bem ele não falaria mesmo. Ele conhece o projeto há um ano e meio, eu o chamei para ser sócio e ele não quis entrar. É uma pessoa de difícil relacionamento, mas nos damos bem como irmãos. Profissionalmente é que não estamos nos dando muito bem. Cada um faz o seu, ele faz o trabalho dele e eu o meu. Nos encontramos no dia 30 de novembro e nos falamos normalmente, no aniversário do meu pai, que tentou apaziguar.

ISTOÉ – Você já procurou seu irmão para falar sobre isso?
Diogo – O problema é o diálogo (risos). Depois que paramos de trabalhar juntos no Big Brother, nunca mais conversamos sobre trabalho. Não quero briga, não quero alardear na imprensa que meu irmão está copiando meu projeto. Mas achei muita coincidência o atual Big Brother ter coisas novas que não há em nenhum lugar do mundo. Se agiram de má-fé, como forma de diminuir o nosso projeto, não achei legal. Se foi coincidência, paciência.