A presença de um ingrediente delicado está sob ameaça na gastronomia nacional. A flor de sal, cristais coletados manualmente em salinas e usados na finalização de pratos gourmets, não pode mais ser importada e comercializada no Brasil por determinação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Indignada, a chef de cozinha Roberta Sudbrack começou uma campanha contra o boicote. "É uma iguaria que o mundo inteiro usa. Fico triste com a proibição, justo no ótimo momento que a gastronomia brasileira vive."

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 TOQUE Fã do tempero, a chef Roberta Sudbrack lamenta a proibição do produto in natura

A Anvisa também determinou a aplicação de multa para os importadores que desobedecerem à determinação – os valores podem chegar a R$ 1,5 milhão. O motivo da proibição é que a flor de sal não recebe adição de iodo (leia quadro). François Sportiello, da importadora Nova Fazendinha, já parou de comercializar o produto. "O que está em jogo é muito mais importante que a flor de sal: é a liberdade de escolha", afirma. Sportiello alega que o produto não substitui o sal no preparo das refeições e que o próprio preço impede a substituição. "O valor é 100 vezes superior ao sal comum", afirma. Atualmente, a única flor de sal cuja comercialização é permitida no Brasil é a nacional, iodada. "Quando provei, achei o sabor estranho, não parecia natural. O problema era o iodo", diz Roberta. Por uma questão legal, os menus ficaram mais insossos.

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