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Um grupo de baianas lavou, na quarta-feira 23, parte da rampa do Congresso Nacional. Mas a Casa ainda precisa de muita faxina. A mais nova do Senado Federal é a concessão de licença remunerada para funcionários fazerem cursos esdrúxulos – como capoeira, judô e até medicina do sono – que nada têm a ver com as funções legislativas. Nos últimos 15 anos, quase 300 servidores foram estudar no Exterior com financiamento do Senado. Essa prática veio à tona em 26 de junho de 2009, quando ISTOÉ revelou que o funcionário Carlos Alberto Nina Neto, do gabinete do senador Arthur Virgílio (PSDBAM), recebeu salário de R$ 10 mil durante os 18 meses que estudou teatro na Espanha. Não se trata, porém, de um caso isolado.

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              FAXINA Baianas lavam a rampa do Congresso: sujeira parece não terminar nunca

Depois de admitir sua culpa e devolver o dinheiro, Virgílio pediu um levantamento de todos os servidores que foram estudar no Exterior. Descobriu que a Casa chegou ao cúmulo de pagar especialização em judô no Japão e em capoeira em Singapura. A legislação dá direito ao servidor a tirar, após cinco anos de trabalho, 90 dias de licença remunerada para capacitação. Vinte e três servidores decidiram viajar para aprender línguas. O policial legislativo Tiago Nardelli foi estudar inglês no Havaí porque, segundo ele, lá tem uma das melhores escolas do mundo. A consultora Ana Cláudia Borges foi aprender francês em Estrasburgo e seu colega Vinícius Becker Costa foi para Florença aprimorar o italiano.

Há funcionários dispensados do ponto por até 1.437 dias, como Valéria Rodrigues Motta e o consultor Aldo Assumpção Zagonel. Alguns passam mais tempo no Exterior do que em Brasília. O consultor Tarcisio Dal Maso Jardim, efetivado em 15 de janeiro de 2003, foi fazer doutorado na Universidade de Paris 10, em setembro de 2006, e só voltou em julho de 2009. A servidora Flávia Santinoni Vera pediu várias licenças, algumas sem ônus, como no período de doutorado em direito econômico pela Universidade da Califórnia.

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"O Senado tem que levar mais a sério as especializações, pois é preciso separar o joio do trigo", diz Flávia. Porém, se depender do argumento do senador Gilvan Borges (PMDB-AP) tudo vai ficar como está. "Quanto mais longe o curso, maior o choque cultural e a troca de experiências. Isso traz benefícios para o Senado", defende Borges. Haja vassoura.


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