Cantoras-atrizes são um perigo. Às vezes exageram na dramaticidade. Sentir não é emitir e o público acaba perdendo dos dois lados. Quem assistiu a Adriana Caparelli nas versões para os musicais de Chico Buarque dirigidas por Gabriel Vilela percebeu que, nela, voz e presença se amoldam. Não é à toa que em Ópera do malandro repetiu o papel de Elba Ramalho. É impossível dissociar a interpretação de Elba, a cantora, na canção O meu amor, o que não ocorre com Marieta Severo, a atriz. E é um dueto.

Depois de uma estréia tímida em disco com Pequeno circo íntimo, dedicado a Aldir Blanc, Adriana reaparece mais solta em Bem + perto (Dabliú Discos). Tanto é que alterna parcerias com Letícia Coura com apropriações de textos de Plínio Marcos e Clarice Lispector, e composições alheias de Torquato Neto ou Zé Miguel Wisnik sem perder o tom. A beatliana Day tripper soa desnecessária diante de Asa, de Caetano Veloso, literalmente celeste. Os músicos são de primeira, Renato Commi, Natália Mallo, Pedro Macedo, Zeca Loureiro e Ricardo Garcia. De +.