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ATRAÇÃO
O baterista João Barone, do Paralamas do Sucesso,
visita a Itália, onde seu pai serviu como pracinha

Bem perto da Eurodisney, nos arredores de Paris, a França abriu sua mais nova atração turística: um museu totalmente dedicado à Primeira Guerra Mundial (1914-1918). O país que mais recebe turistas no mundo vem percebendo que, além da Torre Eiffel e do Museu do Louvre, os visitantes se interessam, e muito, pelo seu passado de confrontos sangrentos. O governo de Nicolas Sarkozy investe na potencialização desse, digamos, mercado para daqui a dois anos, quando serão comemorados dois importantes marcos. Um é o centenário do início da Primeira Grande Guerra e o outro são os 70 anos do Dia D – em 6 de junho de 1944, o dia decisivo, quando tropas aliadas iniciaram o despejo de nazistas da Normandia. O boom desse segmento turístico ocorre também em outros cantos do mundo (leia quadro). O campo de concentração de Auschwitz, na Polônia, por exemplo, bate recordes de visitação, cerca de 1,5 milhão de pessoas visitam o local anualmente. “O comportamento do turista está mudando. Ele quer ter experiências que lhe acrescentem mais à vida, que tragam amadurecimento”, afirma o professor do curso de turismo da Universidade Federal Fluminense (UFF) Marcelo Tomé.

A busca desse aprendizado foi o que levou a empresária Laila Benchimol, 26 anos, a conhecer antigos campos de concentração na Europa. “Foi uma experiência extremamente impactante”, diz. Operadores de turismo estão se adaptando. A agência americana Universal Travel System se especializou em destinos inusitados e tem até pacotes para Coreia do Norte e Iraque. “Eu garanto que passear no Vietnã é mais seguro do que andar à noite em Los Angeles. Não é preciso nem seguro especial”, diz o diretor da agência, Klaus Billep. O músico da banda Paralamas do Sucesso João Barone, um aficionado pela Segunda Guerra Mundial (1939-1945), defende um tratamento mais respeitoso ao assunto. “Qual o valor do esforço do meu pai, que foi um pracinha, se ninguém se lembrar de seu sacrifício?”, questiona o baterista, cujo pai lutou na Itália. Enquanto outros países incluem a memória das guerras nos seus roteiros turísticos, o Brasil ainda está tímido. Um exemplo é a região da Guerra do Contestado (1912-1916), entre Santa Catarina e Paraná, cujo circuito tem projetos que se arrastam há anos.

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