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CHEGA PRA
LÁ Neymar e a Seleção foram ofuscados por grandes
times, como o Barcelona do argentino Lionel Messi

O futebol brasileiro fechou o ano de 2011 assistindo a um espetáculo do qual participaram os dois maiores craques da atual Seleção comandada pelo técnico Mano Menezes: Paulo Henrique Lima, o Ganso, e Neymar Júnior. Jogadores do Santos, eles foram a campo no dia 18 contra o Barcelona, na final do Mundial de Clubes, no Japão. Mas quem jogou futebol foram seus adversários Messi, Xavi, Iniesta e companhia. O time catalão confirmou ser um dos maiores da história e não só imprimiu uma goleada de 4×0 como fez os brasileiros parecerem iniciantes no esporte. Neste ano, além do revés do Santos, vários episódios deixaram claro que o Brasil não ostenta mais o título de país do futebol. A Seleção Brasileira mais aprendeu com os adversários do que os ensinou. Tomou uma aula da Alemanha (perdeu de 3×2 num amistoso em agosto), que não joga mais de maneira burocrática. Perdeu mais uma vez para a França (1×0, em fevereiro). Deu vexame na Copa América em julho, ao ser eliminada pelo Paraguai nas quartas de final. E caiu na primeira fase do Pan-Americano, em outubro, diante da Costa Rica. “A Seleção tem problemas técnicos e de filosofia de jogo”, diz o comentarista esportivo Vitor Birner. “Os times que jogam bem têm qualidade no passe.

O Mano não tem volantes com essa característica. E centroavantes como Roberto Dinamite, Careca, Romário e Ronaldo também não temos mais.”É visível a perda de qualidade individual dos nossos jogadores. Em 1982, o técnico Telê Santana pôde escalar no meio de campo da Seleção Sócrates, Zico, Toninho Cerezo e Falcão, papas daquele setor, na época. E o fez não só porque se encantava pela movimentação constante dos jogadores, posse de bola e toques rápidos e precisos, mas também porque tinha pulso para levar a campo sempre os melhores. Hoje, por questões táticas, formar um meio de campo apenas com jogadores doutrinados a criar em primeiro lugar soa como um suicídio.

Seria um erro, porém, afirmar que o Barcelona atua como o Brasil de antigamente. A academia barcelonista de jogar futebol começou a tomar forma com a chegada, em 1971, do treinador holandês Rinus Michels, mentor do Carrossel Holandês (como ficou conhecida a seleção da Holanda nas Copas de 1974 e 1978). Ter a bola o maior tempo nos pés e movimentá-la rapidamente e com eficiência é um patrimônio do Barcelona que Johan Cruyff – holandês que defendeu o clube catalão nos anos 70, o treinou entre os anos 80 e 90 e, hoje, é presidente honorário – zela com afinco. Ao Brasil, portanto, exercitar a humildade e reconhecer que não é mais o melhor nessa arte é a primeira lição. Enquanto isso, o Barcelona segue como um time de futebol melhor do que a melhor seleção do mundo. No caso, a espanhola.