O médico Geraldo Alckmin fez a maior cirurgia de sua vida. A mais complexa, a mais delicada e, nos seus objetivos iniciais, a mais bem-sucedida. Saiu ungido no seu partido como candidato às eleições presidenciais. É agora, por direito e dever, o “anti-Lula”, o adversário a ser batido pelo governo para conquistar um segundo mandato. Alckmin aglutina tudo o que Lula candidato teme: o desconhecido, os bons resultados em São Paulo – onde o presidente tem o mais baixo índice de aprovação – e o pouco vínculo com a gestão federal anterior de FHC, que seria, logo no início de campanha, o primeiro alvo da situação. Comparar os dois governos, de Lula e FHC, estava na essência da estratégia oficial, que tem a convicção de que se sairia melhor desse embate. Com Alckmin, a arma tem um poder de fogo menos letal. Fosse apontada para uma eventual candidatura Serra – esse sim ligado à era FHC, da qual fez parte direta como artífice e ministro –, os efeitos seriam mais certeiros. Alckmin é, desde já, o primeiro concorrente oficial à cadeira de Lula e só agora começa a sua campanha. Sai de um patamar baixo de preferência nas pesquisas, mas não desprezível. Passou a correr o País com a sua plataforma. Logo na quinta-feira 16, dois dias depois da escolha do seu nome, embarcou direto para Brasília – com a reportagem da ISTOÉ a bordo – para ter um encontro com Lula, no melhor estilo dos grandes combates. Rumou, a seguir, ao Pará, com agenda típica de caçador de votos. Tenta “despaulistizar” sua imagem, como definem assessores, e vai enfatizar as bandeiras da ética e da administração competente como trunfos. Está dada a largada para o clássico das urnas.