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"Vamos entrar em 2012 com a economia
se aquecendo de forma responsável"

Guido Mantega, ministro da Fazenda

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, tem repetido com insistência que a desaceleração da economia nacional é “passageira”. E age assim por um bom motivo. Mantega não quer que o pessimismo reinante na zona do euro e nos Estados Unidos contamine as expectativas de investidores e empresários brasileiros. Segundo o ministro, o País vive uma situação bem diferente do restante do mundo – mas, mesmo assim, é preciso agir para não sacrificar o crescimento. Com a intenção de preservar a oferta de emprego, a renda da população e alavancar o desenvolvimento, a ordem da presidenta Dilma Rousseff, que a equipe econômica persegue à risca, é minimizar com todos os instrumentos possíveis os impactos das turbulências externas. Desde agosto, a Fazenda e o Banco Central trabalham com um cenário de queda de juros e, apesar da estagnação do terceiro trimestre, já veem no horizonte a retomada da economia graças às medidas de estímulo adotadas neste fim de ano. “Vamos entrar em 2012 com a economia se aquecendo de forma responsável e sustentável, em torno de 4,5%”, diz Mantega.

Nos últimos dias, o governo reverteu ações tomadas no início de 2011, quando precisou dar uma freada na economia para evitar que o avanço rápido demais do consumo pressionasse os preços. “Tínhamos um problema de inflação que agora está sob controle, o que já nos permite baratear o crédito”, explica o ministro. Num esforço concentrado, a Fazenda se impôs uma renúncia fiscal de pelo menos R$ 1 bilhão no próximo ano ao anunciar novas desonerações fiscais para o mercado financeiro e o setor produtivo. O IOF sobre crédito ao consumidor caiu de 3% para 2,5% e o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) na linha branca voltou a sofrer alterações para os estoques que estarão nas lojas até 31 de março de 2012. Até lá, a alíquota de 4% que incide sobre fogões não será cobrada e o IPI de refrigeradores e congeladores caiu de 15% para 5%. No setor de alimentos, decidiu-se zerar o PIS/Cofins sobre massas.

O governo tem em mãos um arsenal de possibilidades para evitar a escassez do crédito. Até os bancos públicos foram postos em alerta. O Banco do Brasil acaba de anunciar a quarta redução de taxas de juros do ano para pessoas físicas e empresas e avisou que “manterá as revisões dos juros em consonância com os ajustes decididos pelo Copom”. Para manter o estímulo aos investimentos e garantir financiamentos de longo prazo ao setor privado, em 2012 o Tesouro Nacional vai capitalizar o BNDES em mais R$ 25 bilhões. Além disso, a Câmara de Comércio Exterior, do Ministério do Desenvolvimento, tem aumentado a concessão de benefícios para a importação de máquinas e produtos de informática sem similares no Brasil e no Mercosul. Segundo o governo, a iniciativa favorece a inovação tecnológica e a competitividade com empresas estrangeiras.

Para o economista-chefe do Itaú Unibanco, Ilan Goldjan, o esforço do governo para combater a desaceleração vai preservar o crescimento do PIB no ano que vem. A previsão do Itaú é de 3,5%. Goldjan explica que, em 2012, a economia vai reagir a uma combinação de estímulos, especialmente à política de juros mais baixos. Num cenário em que a Selic cai mais rapidamente do que a inflação, os juros reais ficarão entre 3% e 4%. “É um nível fora do usual para o Brasil, mais baixo do que se viu após a crise de 2008”, afirma Goldjan. “Num ambiente global difícil, a política monetária vai novamente preservar o crescimento.” O economista cita também as reduções de impostos, o crédito mais fácil e o crescimento dos gastos públicos. O economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Carlos Thadeu de Freitas, endossa as previsões de Goldjan e afirma que o desempenho do PIB em 2012 será, sem dúvida, melhor do que em 2011: “Estamos recebendo muitos investimentos externos e isso não vai parar. Além disso, o governo voltará a investir. Estamos, de fato, menos vulneráveis do que antes.” Isso é tudo o que o ministro Guido Mantega quer ouvir dos agentes econômicos.

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