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O prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda (PSB), decretou na manhã desta sexta-feira situação de emergência na cidade. A medida foi tomada após a Coordenadoria Municipal de Defesa Civil (Comdec) apresentar um relatório com todos os estragos causados pelo excesso de chuva nas últimas 48 horas na capital mineira. A intenção da prefeitura e da Comdec é acelerar o socorro às famílias atingidas e a recuperação das vias e áreas afetadas, já que a situação de emergência dispensa a necessidade de licitação pública.

Segundo a Defesa Civil, já choveu na primeira metade do mês de dezembro 373 mm em Belo Horizonte, superando os 320 mm esperados para o mês todo. Este índice corresponde a 15% acima da média histórica para o período. As duas regiões mais atingidas na capital são a centro-sul, onde o volume chegou a 92 mm somente nas últimas 24 horas, e Pampulha, com 154 mm.

A chuva ainda não deu trégua e a previsão dos meteorologistas é a de que os temporais continuem pelo menos até domingo. Entre o fim da tarde de quinta-feira e manhã desta sexta o Corpo de Bombeiros atendeu a 12 ocorrências de desabamentos parciais ou totais, cinco de inundações e seis de deslizamento de encostas e barrancos. Treze árvores caíram no período, segundo a corporação.

Os temporais também começam a provocar estragos em cidades da região metropolitana e do interior mineiro. Em Vespasiano, na Grande Belo Horizonte, a região central foi alagada pela água do córrego da Mata, que transbordou durante a madrugada. Lojas e casas foram inundadas, mas até as 9h30 os bombeiros ainda não haviam contabilizado o número de imóveis atingidos.

Em Contagem, também na região metropolitana, a Coordenadoria de Defesa Civil registrou cerca de 100 ocorrências de deslizamentos de encostas e desabamentos de casas e muros nos bairros Centro, Nacional, Ressaca e Nova Contagem. Três famílias ficaram desalojadas e três desabrigadas. Estas últimas foram encaminhadas para o programa Bolsa Moradia. O índice pluviométrico registrado no período de 24h no município atingiu 100 mm.

Também foram registrados estragos nas cidades de Matias Lobato, no Vale do Rio Doce, onde encostas deslizaram e a lama atingiu casas e lojas. A BR-116 chegou a ficar interditada por duas horas; em Coronel Fabriciano e Ipatinga, no Vale do Aço; e Pirapora, na região central, que teve cerca de 60 casas alagadas pela cheia do rio São Francisco, que está 4 m acima do nível normal.

Mortes

A Defesa Civil Estadual confirmou nesta sexta-feira a segunda morte causada por acidentes relacionados à chuva. O corpo de Poliane Alves de Oliveira, 27 anos, foi encontrado no último dia 13 de dezembro a cerca de 30 km do local de seu desaparecimento em Governador Valadares. Ela foi arrastada pela água do Rio Doce no dia 19 de novembro. A outra morte provocada pelo excesso de chuva é o motociclista Admardo Pereira, 43 anos, que foi atingido por uma árvore na cidade de Reduto, em 28 de outubro.

Em todo o Estado até agora 459 pessoas ficaram desalojas e 30 desabrigadas, de acordo com a Defesa Civil, de um total de 21.480 que foram afetadas. Além das duas mortes houve quatro feridos. A Cedec informou ainda que 1.409 casas ficaram destruídas parcialmente e 38 totalmente. Oito pontes ficaram danificadas e seis caíram.

Cidades históricas

O alerta emitido pela Defesa Civil de chuva forte e intensa até domingo se estende a todas as regiões do Estado. As cidades históricas mineiras também já começaram a enfrentar problemas. Em Ouro Preto, a 100 km de Belo Horizonte, uma criança de dois anos foi soterrada por escombros que caíram no quarto onde ela dormia. O menino foi socorrido pelos familiares e não ficou ferido. Três famílias estão desabrigadas na cidade e outras oito ficaram desalojadas.

Em Mariana, a 110 km da capital mineira, parte de uma encosta localizada no cemitério da igreja Nossa Senhora do Rosário, deslizou sobre um muro. Não houve feridos nem estragos à igreja. Foram registrados no município outros 13 deslizamentos de barrancos. Cem pessoas ficaram desalojadas e três desabrigadas. Todas foram levadas para escolas da cidade, onde receberam alimentação e roupas.