ERICO MARMIROLI

O teatro de marionetes da companhia japonesa Yukiza foi criado no século XVI. Desde esse remoto tempo, a sofisticada arte de manipular bonecos vem sendo então transmitida de geração para geração. Agora é a primeira vez que a companhia visita o Brasil. Apresentou-se em São Paulo e segue para Florianópolis, numa iniciativa da Fundação Japão como parte das comemorações do centenário da imigração japonesa. Os artistas trazem na bagagem 22 marionetes que variam na altura entre cinco centímetros e 1,60m e recebem cuidados de astros e estrelas nas coxias – com direito a camarim e cabides especiais.

No palco, os artistas dão um show de precisão e delicadeza “trabalhando” esses bonecos. Formado por 14 pessoas, o grupo é mais que reservado quando o assunto é ele próprio. A manipuladora Chie Yuki, uma das mentoras da companhia ao lado do irmão Magosaburo 12º, se entusiasma ao explicar, em detalhes, com quantos fios se faz uma boa marionete: “Quanto mais fios, melhores são as expressões, mas também é maior a dificuldade. Basta um leve toque no fio errado para transformar uma cena trágica num pastelão.” Ela exemplifica trocando intencionalmente o fio que leva a mão do boneco aos olhos por outro que leva a perna à cabeça. No repertório, dois clássicos do teatro de bonecos japonês: A casa de Tsuna e A vila Nozaki, que narra uma história de amor impossível.