chamada.jpg
ENCALHE
Com a saída da iniciativa privada, o governo assumiu as obras em Vancouver

Foi-se o tempo em que o sucesso de uma Olimpíada podia ser medido pelo número de medalhas do país-sede e o bom funcionamento da estrutura construída. Hoje, tão importante quanto a competição em si é o legado que ela deixa. Mas se as benesses podem se estender através do tempo, os riscos envolvidos na empreitada também perduram. E muitos países têm tido dificuldades em garantir retornos positivos depois que essas maratonas esportivas acabam.

O que acontece hoje com a vila dos atletas de Vancouver, no Canadá, sede dos jogos de inverno de 2010, é prova disso. Sucesso de público, audiência e medalhas para o país-sede, a herança deixada pelo evento não é das melhores. Um estudo divulgado pela Universidade de Alberta apontou problemas graves com a revenda dos apartamentos da vila dos atletas – um eco do que aconteceu com a vila dos Jogos Panamericanos do Rio de Janeiro, em 2007 e um alerta para a Olimpíada de 2016. Pouco atraentes ao mercado, eles podem vir a representar um prejuízo de US$ 750 milhões (R$ 1,4 bilhão) à cidade. E nessa história há uma lição.

img.jpg
VAZIOS
Apartamentos do Pan 2007, no Rio de Janeiro: leiloados por metade do preço

Inicialmente, a vila, que seria bancada pela iniciativa privada, foi concebida como um conjunto de prédios a serem executados com os melhores construtores e materiais. Isso garantiria interesse do mercado pelas unidades depois dos Jogos. Mas no início das construções, com a crise financeira de 2008, a fonte privada secou e o governo, para garantir o compromisso com o Comitê Olímpico Internacional, assumiu os custos. O problema é que, na ânsia de reduzir ao máximo o gasto imprevisto, cortou boa parte dos atrativos. No fim, Vancouver ganhou um bairro afastado do centro, caro e com poucas perspectivas de retorno do dinheiro que foi investido, a contragosto, pelo contribuinte. “Transparência nos contratos desde o início das negociações, mesmo que eles envolvam empresas privadas, é um dos caminhos”, diz Jay Frerer, responsável pelo estudo. “Já que é cada vez mais comum que o cidadão, representado pelo estado, assuma parte das despesas, que ele pelo menos tenha voz.” 

img1.jpg

Assine nossa newsletter:

Inscreva-se nas nossas newsletters e receba as principais notícias do dia em seu e-mail


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias