Uma injeção é a nova opção em estudo para reduzir a concentração do LDL, conhecido como o colesterol ruim por sua capacidade de entupir as artérias do coração, aumentando o risco de infarto. Os promissores resultados dos primeiros testes em humanos foram apresentados recentemente durante o encontro da Associação Americana de Cardiologia, um dos mais importantes do mundo na área. Os participantes da pesquisa que receberam a maior dose do remédio tiveram uma redução média 64% maior nas taxas do LDL em comparação com os voluntários que receberam placebo.

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Criada pela empresa de biotecnologia Amgen, a medicação é inovadora em dois sentidos. É a primeira a ser ministrada via injeção. Também é o primeiro anticorpo monoclonal contra o colesterol. Esse tipo de medicamento, já usado por exemplo no tratamento de alguns tipos de tumores, é uma das estratégias de tratamento mais modernas da medicina. Eles são criados para atuar sobre pontos específicos característicos de cada doença. É como se fossem flechas direcionadas para alvos precisos, o que aumenta sua chance de eficácia.

No caso do colesterol, o foco é a proteína chamada PCSK9. Ela está envolvida no metabolismo das gorduras do sangue e prejudica a capacidade do fígado de eliminar o LDL. Para impedir sua atuação, os pesquisadores criaram o anticorpo monoclonal AMG 145. “Nos testes, verificamos que a molécula de fato reduz a ação da proteína”, disse à ISTOÉ o cardiologista Scott Wasserman, do Departamento de Desenvolvimento Clínico da Amgen. Além da queda na concentração de LDL, houve também redução do colesterol total (soma de todos os gêneros de colesterol) e não foi registrado impacto sobre os níveis do HDL, o bom colesterol (ele ajuda o organismo a limpar os vasos sanguíneos dos depósitos de gordura).

Em princípio, a medicação seria indicada para os pacientes com dificuldade de responder ao tratamento convencional, baseado em dieta, exercício físico e remédios orais quando necessário. Animada com os resultados, a companhia lançou a segunda fase dos estudos em humanos para determinar doses ideais e a frequência das aplicações. “É preciso realizar o estudo em larga escala a fim de poder avaliar o uso dessa terapia na prática clínica”, diz o cardiologista Costantino Costantini, diretor do Hospital Cardiológico Costantini, de Curitiba.

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