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A TODO VAPOR
Obras como as hidrelétricas de Santo Antônio (foto) e Jirau geraram 25 mil empregos

Assim que o governo divulgou o crescimento zero do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no terceiro trimestre, a ala dos catastrofistas tratou logo de entrar em ação. Não faltaram prognósticos negativos a respeito da economia do País e houve até quem falasse em risco de recessão no futuro próximo. Apesar do esforço dos alarmistas para provar o contrário, o ciclo do crescimento não foi interrompido. O Brasil não parou – e não vai parar. “Aqueles que, no início do ano, disseram que nós teríamos graves problemas diante do encolhimento do mercado internacional não foram corretos nas suas previsões”, disse a presidenta Dilma Rousseff. “O resultado trimestral não é esse monstro todo que estão imaginando”, afirma Jorge Abrahão, economista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). “Tem muito a ver com o momento de precaução que estamos vivendo na economia global e reflete as medidas de contenção do crédito tomadas no início do ano.”

Basta um olhar mais atento nos números de 2011 para perceber que o pessimismo não se justifica. O PIB deve encerrar o ano com alta de 3%, o que está muito longe de representar uma tragédia. A inflação continua controlada, empregos estão sendo gerados, as exportações batem recordes históricos e a renda das famílias segue em processo de expansão (leia quadro). Um dos principais termômetros do vigor da economia de um país, o setor de consumo só traz boas notícias. Em 2011, o comércio brasileiro deve crescer 7% em relação a 2010, marca comparável à performance chinesa. Para o fim do ano, as estimativas são ainda mais animadoras. A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP) calcula que o comércio paulista deve movimentar R$ 33,86 bilhões em dezembro, o equivalente a R$ 3 bilhões a mais do que foi gasto no mesmo mês do ano passado. Presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Rogério Amato faz uma interessante ponderação. “O número é ainda mais expressivo quando se considera a base alta do ano passado.” Ou seja, os brasileiros estão confiantes para comprar e, assim, alimentar o crescimento da economia.

Entre o empresariado, não são poucas as vozes que discordam dos alarmistas de plantão. “Tenho absoluta certeza de que o Brasil terá um ano muito positivo em 2012”, diz Marcelo Odebrecht, presidente da construtora Odebrecht, uma das maiores do País. “Tivemos um 2011 excepcional, o que me deixa ainda mais otimista com os rumos da economia brasileira”, afirma Rômulo Dias, presidente da Cielo, empresa líder no mercado nacional de cartões e que até a semana passada estava em primeiro lugar na lista das maiores altas de ações cotadas na Bolsa de Valores de São Paulo. Na indústria automobilística, enquanto os europeus passam por forte retração e os americanos comemoram pequenas aceleradas na venda de carros, os brasileiros contabilizam recordes. Presidente da Audi, marca que em 2011 comemorou um avanço de impressionantes 70% na venda de automóveis, Paulo Sérgio Kakinoff define assim o desempenho de sua companhia no ano: “Foi espetacular.”

Não faltam motivos para supor que, em 2012, os números da economia brasileira possam vir ainda mais fortes. Além dos juros menores, conforme prevê a maioria dos economistas, do crédito em expansão e dos incentivos fiscais, está previsto para janeiro um reajuste de 14% no salário mínimo, o que trará impactos significativos à renda dos trabalhadores e aposentados. Nesse ciclo, o mercado interno seguirá aquecido. “Só uma catástrofe externa pode afastar o País do crescimento que o governo projeta”, diz Jorge Abrahão, do Ipea. Mesmo no caso de forte retração global, grandes investimentos em obras de infraestrutura não serão paralisados. Vale lembrar, nos próximos quatro anos o Brasil vai sediar uma Copa do Mundo e uma Olimpíada – o que certamente vai exigir uma avalanche de recursos. Além disso, algumas das maiores obras de engenharia do planeta estão sendo executadas no Brasil. As hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, para citar apenas alguns exemplos, consumiram recursos de R$ 29 bilhões e geraram 25 mil empregos. Isso sem falar em Belo Monte, que ainda não deslanchou, e em outras obras do PAC. Que crise é essa? 

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