05/12/2011 - 10:51
Depois de quase quatro meses de sucessivas denúncias, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi (PDT), decidiu finalmente renunciar ao cargo. A carta de demissão foi entregue na tarde do domingo 4, num rápido encontro com a presidenta Dilma Rousseff no Palácio da Alvorada. Na reunião de aproximadamente meia hora, Dilma disse que não via outra saída para Lupi. Ela mesma já havia decidido que iria demiti-lo e chegou a convocar para segunda-feira uma reunião da coordenação política para tratar do tema.
Segundo interlocutores ligados à Presidência, o que mais pesou na decisão foram as acusações de cobrança de propina para a concessão de registros sindicais, reveladas por ISTOÉ. Mesmo com a PF e o Ministério Público do Trabalho investigando o caso, a presidenta ficou preocupada com a repercussão no meio sindical e o risco de um racha entre as centrais, com um possível efeito negativo para as eleições municipais de 2012. A imagem de Lupi também ficou desgastada por conta de denúncias de corrupção envolvendo auxiliares diretos do gabinete na liberação de repasses para ONGs e pelo acúmulo de salários na Câmara dos Deputados, na Prefeitura do Rio e no gabinete de um vereador.
Em nota oficial, Lupi se disse perseguido pela mídia e pela Comissão de Ética da Presidência, que não teria lhe dado “direito de defesa”. Com sua saída, o secretário-executivo do Ministério do Trabalho, Paulo Roberto Pinto, assumirá o cargo interinamente até a reforma ministerial de janeiro. Existe a possibilidade de que a pasta volte para as mãos do PT, como no início do governo Lula. Dilma também avalia uma possível fusão com o Ministério da Previdência.