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INFERNO NAS TORRES Efeitos especiais de “2012” (à esq.) elevaram o seu custo para US$ 200 milhões

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“2012” O filme de Roland Emmerich retrata a Terra em convulsão de acordocom uma profecia maia. Nem mesmo o Cristo Redentor permanece em pé Estreia: 13 de novembro

Uma chuva de meteoros começa a cair do céu, atingindo carros e abrindo crateras no asfalto de uma rodovia. Vinda do nada, uma imensa onda escura avança sobre o Himalaia e varre com sua fúria um mosteiro solitário fincado no seu topo. A Terra treme: torres de vidro caem como estantes de supermercado e bairros inteiros são engolidos pelas fendas que se abrem. Em Roma, o domo da Catedral de São Pedro despenca e rola sobre a multidão. É o fim do mundo. Esse turbilhão de imagens pertence ao filmecatástrofe “2012”, aguardado blockbuster que estreia no dia 13 de novembro. Mas a superprodução de Roland Emmerich não é a única a retratar o apocalipse. Na mesma linha de enredos caros, está programado para o início do ano que vem o filme de ação “O livro de Eli”, estrelado por Denzel Washington. O ator é o Eli do título, um sobrevivente que vaga pelo cenário em ruínas dos EUA guardando um livro que teria o segredo para a salvação da humanidade. Essa onda de filmes sobre o fim dos tempos chegou até ao cinema mais sisudo, como o drama “A Estrada”, baseado no livro de Cormac McCarthy, sobre um pai que protege seu filho de homens que a luta pela sobrevivência transformou em canibais.

Nem mesmo a comédia e o desenho animado ficaram alheios à moda recente: no primeiro caso se enquadra “Zombieland”, que mostra o planeta destruído por uma hecatombe e habitado por mortos-vivos e; no segundo caso, basta trocar os zumbis por bonecos feitos de farrapos – no desenho animado “9 – A Salvação”, que estreia no dia 18, eles são os únicos seres que sobreviveram ao armagedon.
Várias explicações já foram levantadas para explicar o fenômeno. Historiadores da sétima arte lembram que épocas de incerteza sempre suscitam esse tipo de filme. A crise do petróleo dos anos 1970, por exemplo, deu origem a “Terremoto” e outros “disaster movies”. E o momento atual é pródigo em dúvidas sobre o futuro. À ameaça do desemprego, resultante da crise econômica, e à paranoia do terrorismo somam-se os desastres ecológicos e as pandemias globais. No extremo oposto ficam os argumentos dos especialistas em efeitos especiais. Para eles tudo não passa do fascínio pelo movimento: o espectador adora ver as coisas explodirem ou virem abaixo como um castelo de cartas.

Uma das cenas mais impressionantes de “G. I. Joe – A Origem de Cobra”, entre os filmes mais vistos atualmente no Brasil, é uma perseguição passada nas ruas de Paris que deixa um rastro de destruição, culminando com a queda da Torre Eiffel no rio Sena.
Resultado dos novos recursos digitais, essas destruições virtuais estão se tornando cada vez mais sofisticadas e passaram a ter como alvo famosos ícones urbanos (como o centro de Los Angeles, reduzido a escombros em “Exterminador do Futuro: A Salvação”) ou maravilhas do mundo antigo (a exemplo das pirâmides do Egito em “Transformers 2 – A Vingança dos Derrotados”). Em “2012”, orçado em US$ 200 milhões, quem se parte em pedaços como um boneco de açúcar é o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro. Emmerich, diretor do filme, disse em recente entrevista que não se incomoda em ser associado ao gênero “disaster movie”: “O filme mais visto de todos os tempos, ‘Titanic’, não passa de um filme-catástrofe.” Nas produções mais baratas, tais efeitos de ponta são dispensados.

De forma criativa, os diretores de arte estão lançando mão de tragédias reais, como o furacão Katrina, cujas imagens de devastação serviram de pano de fundo para “A Estrada”. Uma delas mostra navios encalhados numa autoestrada: foram captadas por uma equipe que fazia um documentário durante as enchentes. Para dar um clima mais tenebroso, usou-se o céu enfumaçado do dia do atentado ao World Trade Center e de um vulcão nas Filipinas. O diretor John Hillcoat garante que ninguém vai perceber. E conseguiu assim que o orçamento de seu trabalho não ultrapassasse os US$ 20 milhões.