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Sob uma onda de protestos e violência há nove dias, os egípcios irão nesta segunda-feira (28) às urnas para escolher 444 parlamentares que integram a Assembleia Popular. No Egito, o Parlamento é unicameral, formado por 454 membros, mas dez são escolhidos pelo presidente da República.  Além da Assembleia Nacional, no Egito há o Conselho Consultivo, formado por 264 integrantes – dos quais 176 são eleitos por intermédio do voto popular e 88 são nomeados pelo presidente.

O clima no Egito é de apreensão e insatisfação. Nas ruas, manifestantes cobram o fim do governo militar e eleições presidenciais – previstas para até junho de 2012. As eleições desta segunda estiveram ameaçadas de adiamento, mas o marechal Hussein Tantawi, que comanda o país há nove meses, garantiu que a data estava mantida.

Autoridades estimam que o processo de votação no Egito leve alguns dias. Não há precisão sobre datas. Oficialmente, o Egito é uma república cujo Poder Executivo é compartilhado entre o presidente e o primeiro-ministro.

No país, os 454 membros do Parlamento têm mandato de cinco anos. A Assembleia Popular é responsável pela votação e aprovação do Orçamento, dos valores dos impostos e dos programas de governo. Porém, o orçamento das Forças Armadas não é submetido à apreciação.

Depois da renúncia do ex-presidente egípcio Hosni Mubarak, em 11 de fevereiro deste ano, o poder no Egito está sob controle do Supremo Conselho das Forças Armadas, uma junta militar. Para os manifestantes, que protestam desde o último dia 19, os militares mantiveram práticas de violações que ocorriam no governo Mubarak.

As organizações não governamentais (ONGs) calculam que pelo menos 40 pessoas morreram e mais de 2 mil ficaram feridas em manifestações em várias cidades do país. Mas o símbolo da revolta é a Praça Tahrir, no centro do Cairo, onde em fevereiro os manifestantes fizeram o maior protesto da história recente do Egito para forçar a saída de Mubarak. Ele acabou renunciando.

Votação em massa

O chefe da Comissão Eleitoral do Egito, Abdel Moez Ibrahim, disse nesta segunda que o número de eleitores participando das votações superou o esperado pelas autoridades egípcias. A previsão inicial era de 41 milhões de eleitores.

"Fomos surpreendidos pelo número de eleitores que é superior ao previsto", disse Ibrahim. Segundo ele, as votações ocorrem sem registros de problemas graves embora o clima de tensão esteja presente nas principais cidades egípcias. "Não há problemas de segurança até agora, graças a Deus. Essa era a nossa principal preocupação."

Ibrahim disse que a tendência é que algumas zonas eleitorais funcionem além do horário estimado devido a dificuldades técnicas pontuais. As eleições legislativas vão decorrer em várias etapas, a primeira das quais começou hoje e abrange nove das 27 províncias do país, incluindo as duas maiores cidades, Cairo e Alexandria.

Mais de 10 mil candidatos disputam as eleições parlamentares para 444 cadeiras da Assembleia Nacional no Egito que ocorrem em três zonas eleitorais distintas em nove províncias. No Cairo e em Alexandria, a segunda maior cidade do Egito, os eleitores votam a partir desta segunda. Mas há um segundo turno previsto para o dia 5.