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Na quarta-feira 15, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, do PSDB, desembarcou na liderança do DEM na Câmara dos Deputados para uma reunião com os parlamentares da bancada. “Não vim conversar sobre eleição municipal”, jurava Alckmin a cada dois minutos. No minuto seguinte, emendava mensagens sobre a “manutenção da aliança que construímos nas eleições presidenciais do ano passado”. Candidato à Prefeitura de São Paulo em 2008, Alckmin disse que foi agradecer aos deputados democratas o apoio que deram na campanha do ano passado.

Não é coincidência que Alckmin tenha feito o agradecimento no momento em que o DEM parece convencido a lançar o prefeito Gilberto Kassab candidato à reeleição. Embora Alckmin, de acordo com a última pesquisa do Datafolha, lidere a preferência do eleitorado paulistano, com 30% das intenções de voto, o racha é preocupante. A ministra do Turismo, Marta Suplicy, do PT, aparece logo atrás, com 24%. Além disso, a separação em São Paulo pode ser o primeiro passo para um divórcio definitivo entre os dois partidos oposicionistas.

Enquanto Alckmin reuniase com a bancada do DEM, acontecia a sessão da Comissão de Constituição e Justiça, que considerou constitucional o projeto que prorroga a CPMF, o primeiro passo para que a conta do contribuinte continue a ser tungada por mais quatro anos a cada vez que ele faz uma transação bancária. O DEM era absolutamente contra a manutenção do imposto. O PSDB ajudou o governo a aprovar a prorrogação. “Não é de hoje que as nossas estratégias têm sido completamente diferentes”, critica o líder do DEM na Câmara, Onyx Lorenzoni (RS). “Não tem mais sentido continuarmos caminhando juntos”, continua.

O que complica ainda mais a situação de Alckmin e do PSDB são as divergências internas dos tucanos, especialmente sobre a eleição em 2010. Com Kassab, o governador de São Paulo, José Serra, tem bem mais comando sobre a prefeitura do que teria se Alckmin se tornasse prefeito. Além disso, imprimir a Alckmin uma derrota na eleição municipal seria meio caminho para tirar o ex-governador paulista do páreo de 2010. Ao mesmo tempo, a parcela dos tucanos mais ligada ao governador de Minas Gerais, Aécio Neves, trabalha para amenizar ainda mais o discurso oposicionista. Aécio aposta na falta de nomes consistentes na base governista para obter um acordo com Lula. Na semana passada, ele pregou abertamente a necessidade de uma aproximação entre o PSDB e o PT.