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TENSÃO
Priscila evita chegar perto de Bruno quando o time dele, o Atlético-MG, perde

Nem a distância das primeiras posições da tabela do Campeonato Brasileiro faz o empresário Bruno Abranches, 29 anos, desistir de ver seu time, o Atlético Mineiro, jogar. Ele não deu trégua nem no casamento de um amigo: entrou na igreja com o celular em punho para acompanhar os lances pelo Twitter. A noiva, Priscila Carvalho, 24 anos, cansou de tentar tirar o amado da frente da televisão. “Nem chego mais perto, especialmente quando o Atlético perde. Quando isso acontece, o Bruno fica com o humor péssimo”, conta ela, uma cruzeirense por parte de pai pouco convicta.

Não bastasse o amor à camisa alvinegra, Bruno ainda acompanha campeonatos de natação, jogos de tênis, corridas de Fórmula1 e lutas de UFC. Ele garante que tanta dedicação ao desporto pela telinha não atrapalha sua rotina. Não é o que pensa o psicólogo Josh Klapow, do Hospital de Saúde Pública da Universidade do Alabama, nos Estados Unidos. Segundo ele, muito tempo assistindo a jogos pode ser indício de dependência. Preocupado com a quantidade de horas gastas com esse hobby, Klapow reuniu indícios (leia quadro) que permitem distinguir se tal atividade ainda configura lazer ou se já se tornou um risco à saúde e à sociabilidade. “Como não é um vício tão forte como o das drogas, o viciado em esportes costuma ignorar o problema”, diz Klapow.

A porta de entrada para esse tipo de dependência, não raro, é a contratação de um canal de tevê exclusivo para esportes. “A pessoa assina para ver seu time, mas se descontrola e começa a assistir a tudo”, diz Irani Argimon, do departamento de psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS). De repente, a diversão se torna uma doença. “Vício não tem a ver só com dependência química”, alerta a psicóloga Juliana Bizeto, do Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes da Universidade Federal do Estado de São Paulo (Unifesp). E, assim como o alcoólatra, o viciado em esportes também pode sentir os efeitos da abstinência. Um exemplo é quando fica nervoso se tem de abandonar o jogo para comparecer a um churrasco de família.

Por isso, é importante pôr limites. “Tento ver os jogos enquanto estou trabalhando, mas não deixo de trabalhar para fazer isso”, diz o empresário Martin Seoane. Quando era adolescente, ele chegou a ficar em recuperação por deixar de estudar para assistir ao futebol. Adulto, assiste ao que pode nas horas vagas e tira suas folgas sempre às quartas-feiras, que é para ver com calma as partidas do São Paulo.

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