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A cidade como espaço de vivência e convivência é a questão que funciona como fio condutor da exposição “O Espaço Que Guardamos em Nós”, uma parceria entre o MIS-SP e a Galeria da Rua, dedicada à fotografia. A mostra apresenta os trabalhos de dois expoentes da jovem produção fotográfica brasileira, o mineiro Pedro David e o coletivo paulistano Garapa, composto por sete fotógrafos. Ambos têm background em fotojornalismo e fazem uma ponte entre a linguagem artística e a documental. “Antes de se estabelecer como arte, a fotografia nasceu com a função de documento. Grande parte da produção da fotografia de arte atual se dá nesse meio-termo, indo muito além da questão estética”, diz a curadora Isabel Amado.

Em dois módulos, diferentes paisagens urbanas aparecem em 63 fotografias. Em “Aluga-se”, Pedro David adota abordagem intimista ao fotografar apartamentos desocupados e disponibilizados para aluguel. No vazio dos espaços registrados, o fotógrafo parece evidenciar a necessidade de se preencher outro vazio: o da noção de lar. Já no módulo “Morar” a experiência fotográfica acontece de maneira sociológica. Até o fim do ano de 2010, antes da demolição dos edifícios Mercúrio e São Vito, no centro de São Paulo, o coletivo Garapa acompanhou o cotidiano de seus moradores durante o processo de remoção pela prefeitura. Destaca-se a série fotográfica (foto) em que os antigos moradores têm seus retratos dispostos em imensos tapumes, posicionados nos terrenos antes ocupados pelas construções. “A fotografia deu-se de maneira autorreferencial, pois trata-se de uma foto das fotografias impressas nos tapumes”, comenta Isabel. Mais do que um exercício experimental, porém, o que torna a mostra marcante é o registro do espaço urbano como lugar de conflitos iminentes e realidades múltiplas. 


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