Se na corrida pelo Planalto os tucanos estão comendo poeira, com seus nomes patinando nas pesquisas de opinião, pelo menos na disputa pelo governo de São Paulo o PSDB ainda está na dianteira. A última pesquisa Ibope, realizada neste mês, mostra que o governador Geraldo Alckmin (PSDB) pode sonhar com a sua reeleição porque conta com a preferência do eleitorado. Mas isso não significa que os tucanos podem descansar. Ao contrário, há fortes sinais de que a disputa será acirradíssima. No encalço de Alckmin há dois concorrentes que parecem vir com todo o gás: o ex-prefeito Paulo Maluf (PPB) e o ex-governador Orestes Quércia (PMDB). O peemedebista surpreende com seu bom desempenho na pesquisa, tanto para o governo do Estado quanto para o Senado. A um ano do pleito, com a opinião pública ainda desinteressada, nenhuma pesquisa pode ser considerada um espelho da intenção de voto cristalizada. Mas os números já permitem ter uma idéia do humor do eleitorado com relação aos nomes apresentados.

Domínio – “Estas pesquisas mostram o grau de conhecimento dos nomes porque ainda estamos a um ano da eleição. Alckmin é governador, Maluf foi prefeito e Quércia foi governador. Mas, de qualquer forma, o que me chama a atenção nesta pesquisa é o alto índice de Quércia”, analisou o cientista político Rubem Figueiredo, diretor da Empresa de Pesquisa e Comunicação (Cepac). “A força de Quércia se deve a seu amplo domínio no PMDB de São Paulo, e nem mesmo o deputado federal Michel Temer conseguiu quebrar essa liderança”, observou Figueiredo. O Ibope apresentou dois cenários. No primeiro, o ex-governador está em terceiro lugar (15%), atrás de Alckmin (33%) e Maluf (25%). Em quarto está o deputado federal José Genoíno (PT), com 7%. Diante da lista sem o nome de Maluf, o tucano fica com 39%, e em segundo lugar, Quércia, com 22%. Genoíno tem 8%.

Quércia e Maluf têm porcentuais de apoio mais elevados no interior do Estado. Do universo de 850 pessoas pesquisadas pelo Ibope, 51% são do interior, 30% estão na capital e 19% são da periferia. Da mesma forma, Alckmin e Genoíno são nomes que atraem a simpatia de um eleitorado com perfil semelhante. O tucano e o petista têm menos votos no interior do que na capital ou na periferia. Rubem Figueiredo acredita que a tendência, com o tempo, é que Alckmin conquiste mais votos nas pequenas cidades, já que o governo do Estado dispõe de verba para investir em obras.

Quanto a Maluf, Figueiredo explica que ele sempre consegue manter seu porcentual de apoio, apesar de estar envolvido em denúncias. “Maluf é o candidato teflon. As acusações não grudam nele. Mas quando começar a campanha e os adversários explorarem as denúncias de corrupção, a tendência será ele perder pontos”, avalia. Ele acredita que Genoíno ainda não conseguiu atingir o porcentual médio de apoio que o PT tradicionalmente tem, de 20%, porque ainda é desconhecido. “O PT cresce quando o governo é mal avaliado. E esse não é o caso do governador Alckmin. Por isso, o teto do PT é baixo”, acrescenta.

Senado

– “Orestes Quércia também se sai bem na pesquisa para o Senado: seu nome surge em segundo lugar atrás do senador Romeu Tuma (PFL). O Ibope fez duas avaliações para a disputa pelas duas vagas na eleição do ano que vem. No primeiro cenário, o instituto pede ao pesquisado que escolha apenas um nome e, no segundo, são apontados dois nomes, como de fato acontecerá nas eleições. Os resultados são semelhantes nos dois casos: os quatro nomes apresentados permanecem nas mesmas posições. “Tuma se sai bem na pesquisa porque é um senador bastante conhecido”, observou Figueiredo. Diferentemente da eleição para o governo do Estado, no caso do Senado, os tucanos já não podem mais comemorar porque estão em último lugar. O deputado federal Aloizio Mercadante (PT) fica em terceiro lugar, atrás de Quércia. E o ministro da Educação, Paulo Renato (PSDB), em quarto lugar.