No Brasil, pessoas com deficiência física e mental não sofrem apenas para receber um tratamento médico digno e correto. Em geral, também não têm a assistência odontológica que seria a ideal. Um dos motivos é a própria dificuldade de se tratar esses pacientes, muitas vezes incapacitados para seguir as orientações do especialista ou para permanecer sentados numa cadeira de dentista. Por isso, os procedimentos – quando são feitos – acabam sendo realizados em hospitais, dentro de centros cirúrgicos, com os deficientes submetidos a anestesia geral.

Um sistema de imobilização desenvolvido pelo terapeuta ocupacional Marcos Godoy, de Lins, interior de São Paulo, no entanto, está ajudando a resolver esse problema. O especialista criou um kit com vários aparelhos que impedem os movimentos involuntários do paciente durante o atendimento. “Dessa forma, o dentista pode trabalhar com segurança, no próprio consultório, aplicando no deficiente apenas anestesia local”, explica Godoy.

Na semana passada, a utilização desse sistema permitiu, pela primeira vez no Brasil, a realização de um implante dentário usando-se anestesia local em uma pessoa com deficiência mental. A cirurgia aconteceu em um consultório particular de São José do Rio Preto, interior de São Paulo, e a beneficiada foi a paciente Aparecida Soucheff, 37 anos. Foram implantados quatro dentes. A operação durou cerca de uma hora e meia e foi muito bem-sucedida. “Ela estava tranquila e o dentista pôde trabalhar sem problemas”, contou Sara, irmã de Aparecida.