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RENDA
Guarda vigia o vulcão Nyamulagira, convertido em
atração turística na República Democrática do Congo

Quanto mais longe, melhor. Essa é a distância que muitos adotam quando se sabe que na vizinhança há um gigante cuspindo lava com temperatura superior a 800ºC e a 400 m de altura. Por outro lado, há gente disposta a encarar até quatro horas de caminhada pela selva para chegar perto de um espetáculo proporcionado por um desastre natural. Até paga – e caro – por isso. Exemplo mais recente desse fenômeno aconteceu na República Democrática do Congo. Desde a semana passada, a precária indústria turística local criou pacotes para levar viajantes aventureiros às cercanias do vulcão Nyamulagira, que está ativo desde o dia 6 deste mês.

Em geral, agentes e operadores de turismo tradicional têm calafrios ao ouvir falar de catástrofes naturais. Pudera: quando passou pela Austrália em fevereiro, o ciclone Yasi provocou estragos em 86% dos estabelecimentos associados ao turismo no Estado de Queensland, o mais afetado. Apesar de exemplos como esse, cresce o número de empresários que enxergam oportunidades onde a maioria só vê devastação.

É o caso dos ingleses da Disaster Tourism. Desde 2009, a empresa leva seus clientes para ver de perto tornados, tsunamis, degelos, vulcões e outras atrações do gênero. Como cada pacote é planejado individualmente, só esse processo de criação sai pelo equivalente a R$ 420. Os preços dos passeios, com duração máxima de duas semanas, chegam a R$ 84 mil. Além de dinheiro e espírito de aventura, a agência exige de seus clientes respeito com as pessoas atingidas pelo desastre: “Não queremos explorar a dor e as perdas geradas pelos eventos”, avisam em seu site.

Criada em 1997, a agência americana Storm Chasing Adventure Tours coloca turistas quase no olho do furacão. Por US$ 2.400, o viajante participa de uma perseguição a um dos tornados que varrem o Meio-Oeste dos Estados Unidos. A empresa possui radares e equipamentos de detecção próprios. São tão bons que acabam oferecendo ao turista um benefício extra: a possibilidade de estar ao lado dos maiores especialistas americanos no assunto, que pegam carona nas atividades da Storm Chasing. Cada grupo chega a juntar 20 turistas. Oportunidade rara se se quer entender o que atrai tanta gente para situações que afugentam a maioria da humanidade.

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