Preguntame como!/ Galeria Logo, SP/ até 3/12

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ARTES DA LETRA
Colagem de Nicolás Sobrero com letras de cartazes de rua alinha-se à tradição da pesquisa caligráfica

Um francês, um taiwanês e cinco argentinos compõem a mostra “Preguntame como!”, que traz a São Paulo um recorte da cena artística independente de Buenos Aires. Alguns deles são artistas “que ainda estão fora do radar do mundo da arte”, segundo o curador da mostra, o franco-argentino Tristan Rault, que também atua como curador-adjunto da galeria Logo. Inaugurada em agosto, em São Paulo, a galeria nasce com o projeto de promover cruzamentos entre diferentes circuitos criativos.

Os mundos do grafite, do HQ, do design de fanzines, de capas de discos, do skate, do punk, do hip-hop, e outros ambientes da cultura pop, compõem o amplo universo da arte urbana, que configura hoje um mercado que cresce proporcionalmente ao mercado de arte contemporânea e já ganhou seu lugar ao sol nos grandes museus do mundo, como o Tate Modern, de Londres, o Museu de Arte Contemporânea de Los Angeles (Moca), e até o MASP – atualmente em cartaz a mostra “De dentro e de fora. “Nosso objetivo não é ser mais uma galeria desse nicho, mas inserir esses artistas no circuito da arte contemporânea”, projeta Carmo Marchetti, sócia de Marcelo Secaf e Lucas Ribeiro na galeria.

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DESIGN VISCERAL
Pintura de América Sanchez representa família de bonecos usados para testar impacto de veículos

Na busca de cruzamentos entre a arte contemporânea e outros circuitos criativos, a curadoria de “PREGUNTAME COMO!” relaciona, por exemplo, a obra do artista e jornalista Nicolás Sobrero com a pesquisa caligráfica do célebre artista contemporâneo argentino León Ferrari ou com o construtivismo uruguaio – provavelmente se referindo a Torres García. Sobrero expõe na Logo colagens em grandes dimensões que têm como elemento de composição apenas letras recortadas de cartazes de rua. Outro ponto de convergência entre o urbano e o contemporâneo na mostra em cartaz é Andrés Bruck, que transita entre polos extremos como o Babafestival, de Roma, e a feira ArteBA, a mais antiga feira de arte contemporânea da América Latina – além de ter sido aluno de Jorge Macchi,o maior nome da arte argentina.

Instalada no antigo endereço da galeria Raquel Arnaud (rua Arthur de Azevedo, 401), a Logo quer evocar a memória da primeira galeria a ocupar o local: a Subdistrito, que nos anos 80 movimentou o mercado de arte paulistano ao apostar na nascente geração de artistas. “A ideia é capturar expressões que estão vivas, pulsantes, em constante mutação, resgatando o espírito do que aconteceu aqui nos anos 80”, define Lucas Ribeiro, que antes de se dedicar à Logo foi curador-geral da mostra “Transfer”, que levou a cultura urbana ao Santander Cultural de Porto Alegre, em 2008, e de São Paulo, em 2010.

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NAIF
Pintura do taiwanês Lin Yi-Hsuan persegue traço infantil