O berço de alguns dos melhores administradores do planeta é, ele mesmo, um belo negócio. A Escola de Administração de Empresas de Harvard encerrou há dez dias a primeira campanha de arrecadação nos seus 98 anos de existência e o resultado foi de dar inveja a muitas blue chips brasileiras que se lançam em captações no mercado externo: US$ 600 milhões, a maior soma já levantada por uma escola de administração isoladamente. A campanha durou três anos e mais de 22 mil ex-alunos contribuíram. O dinheiro será usado para reforçar a distribuição de bolsas a estudantes que não podem pagar os disputados cursos da instituição (um MBA não sai por menos de US$ 100 mil), para contratar e aperfeiçoar professores, reformar a biblioteca e ampliar o campus da escola.

A fórmula de captar recursos para escolas entre ex-alunos não é nova nos EUA. Em 2003, a Universidade da Pensilvânia obteve US$ 425 milhões para revitalizar sua unidade de Administração. No Brasil, iniciativas semelhantes têm fracassado. A PUC de São Paulo, atolada numa crise financeira, tentou recentemente arrecadar fundos entre seus ex-alunos. O resultado, pífio, nem sequer foi divulgado. “Nos EUA, existe tradição e um tratamento tributário benevolente para as doações a universidades”, lembra o ex-presidente do Banco Central e harvardiano Gustavo Franco. “Aqui, ao contrário, há baixo incentivo fiscal às escolas e muito preconceito nos relacionamentos entre universidades e empresas.”