O atacante Adriano, da Seleção e da Inter de Milão, resumiu com precisão na segunda-feira 13, no gramado do histórico Estádio Olímpico de Berlim, a obsessão dos brasileiros para a Copa 2006. “A camisa é leve, confortável e bonita, mas ainda falta um detalhe: a sexta estrela”, disparou, provocando risadas. O jogador era o mais festejado dos oito “supermodelos” reunidos pela Nike para apresentar os uniformes dos craques de Parreira e de mais sete equipes que disputarão o Mundial. A brincadeira foi uma alusão ao desejo de conquistar o hexa na final da Copa – que, por sinal, será disputada no dia 9 de julho neste mesmo lugar mitológico em que o velocista negro americano Jesse Owens demoliu, com suas quatro medalhas de ouro, o sonho de Adolf Hitler de fazer das Olimpíadas de 1936 um símbolo da supremacia ariana. Além de Adriano, o australiano Bresciano, o americano Beasley, o sul-coreano Park, o holandês Van Nistelroy, o português Figo, o croata Prso e o mexicano Borguetti envergaram orgulhosos as “fardas” de suas equipes.

A nova camisa do Brasil é mais bonita e funcional do que a do penta de 2002. Para começar, foi abolido o estranho forro que atrapalhava os jogadores na hora de colocá-la ou tirá-la rapidamente durante o jogo. A versão atual pesa apenas 180 gramas (três a menos do que a anterior), tem melhor caimento e um ar retrô que remete ao desenho limpo e elegante da roupa do tri de 1970. Traz um amarelo mais suave e detalhes em verde nas mangas que insinuam o desenho da calçada da praia de Copacabana. O segundo uniforme recebeu um azul mais forte e branco nas mangas e na gola redonda. Cada uma custará R$ 179, quase 20% a mais do que os R$ 150 cobrados pela anterior. O calção sairá por R$ 110 e as meias, por R$ 29. “Foram 18 meses de estudos esportivos e históricos para se chegar ao modelo”, disse a ISTOÉ Peter Hudson, diretor de design para futebol na empresa.

As exaustivas pesquisas de Hudson e sua equipe no Brasil mostraram entre outras coisas que a idéia de mudar a posição do escudo era perigosa. “Os brasileiros resistiriam às camisas sem o símbolo sobre o coração”, revela. Outros países foram pesquisados. As costuras em anéis dourados do belo uniforme português lembram os nós de estilo manuelino das embarcações do século XV. A dos EUA lembra uniformes universitários e a mexicana traz referências à cultura azteca. Mas nada se compara em volume e minúcia ao que foi feito aqui. E se o Brasil ganhar o hexa? “Será um prazer colocar a sexta estrelinha”, responde o diretor de marketing da Nike, Trevor Edwards. “Afinal, é a camisa de seleção mais vendida no mundo.” Mas antes é preciso merecê-la em campo.