Se para sedentários ou esportistas de fim de semana corridas de aventura podem parecer uma insanidade – as provas duram dias e envolvem ações radicais e distâncias nada modestas –, para quem pratica não há recompensa maior que atingir a superação física e psicológica. O ano da corrida de aventura no Brasil, que promete ser um dos mais agitados e profissionais de todos os tempos, começou com ingredientes ainda mais complicados, sob frio, chuva e com as costumeiras subidas e descidas em meio ao barro. As melhores equipes do País encararam 150 quilômetros de suor e lama na Serra do Mar.

No sábado 11 e no domingo 12 de fevereiro, 14 equipes de todo o Brasil se enfrentaram na final do Try On Adventure Meeting, circuito nacional de corrida de aventura. Selecionadas em 13 Estados diferentes, elas lutavam pela premiação
de R$ 30 mil e para conquistar o patrocínio da Try On, grife de roupas e acessórios para aventura, destinado às duas primeiras colocadas: a gaúcha Lagartixa e a brasiliense Oskalunga.

Quatro atletas – formando obrigatoriamente um time misto – disputaram provas de trekking, técnicas verticais (como escalada e rapel), canoagem, mountain bike e orientação por bússola e mapas, divididos num percurso de 150 quilômetros entre a cidade de Paraibuna, a 130 quilômetros da capital paulista, e Maresias, uma das mais bonitas e freqüentadas praias do litoral norte do Estado. Se essa distância num terreno inóspito já impressiona, imagine com chuva intensa. Os trechos de bike ficaram mais difíceis e a lama tornou as trilhas mais precárias. O clima fez com que a organização do evento, por segurança, cancelasse o último trecho de canoagem no mar por causa das fortes ondas. A tarefa foi substituída por um trekking pela praia.

A prova começou às 4h45 do sábado e terminou no dia seguinte, por volta das 14 horas. A equipe Oskalunga, campeã do circuito paulista, liderou boa parte da competição, mas cedeu terreno no último trecho de trekking para os campeões gaúchos da equipe Lagartixa, que completaram o circuito em 22 horas e 45 minutos.

Se o mau tempo atrapalhou a maioria dos competidores, para os gaúchos acabou sendo bom. “Levamos vantagem nessa competição por estarmos acostumados a esse clima lá no Rio Grande do Sul. Se tivesse feito calor, provavelmente não teríamos conquistado esse resultado”, conta Maico Giovanaz, 30 anos, um dos integrantes da Lagartixa. Com a vitória, o quarteto finalmente terá patrocínio. Pretende agora disputar mais competições, principalmente em São Paulo, onde se concentram as equipes mais fortes. Também sonham com disputas internacionais. É só torcer para chover sempre.