Não vai dar mais para esconder. Até agosto, todos os alimentos industrializados vendidos no Brasil deverão apresentar no rótulo o teor de gordura trans, a mais nociva à saúde. “Seu consumo excessivo eleva os níveis de colesterol ruim e reduz o colesterol bom, o que aumenta as chances de males cardiovasculares”, explica o bioquímico Jorge Mancini, da Faculdade de Farmácia da Universidade de São Paulo (USP). Por isso, a recomendação da Organização Mundial da Saúde é limitar sua ingestão a até dois gramas por dia, considerando uma dieta média de um adulto de duas mil calorias diárias. “Mas quanto menos, melhor”, alerta a nutricionista Cynthia Antonaccio, de São Paulo.

Isso, porém, não é fácil como parece. Presente em pequenas quantidades na carne vermelha e no leite, a gordura trans está na fórmula dos biscoitos, de grande parte das margarinas – quanto mais sólida, maior a quantidade – dos salgadinhos de pacote, das frituras que usam óleo vegetal hidrogenado e em alguns molhos de pratos congelados. “Outras fontes importantes são os sorvetes cremosos, nuggets e croissants”, explica a nutricionista Ana Maria Lottenberg, da USP. Ela torna os produtos mais crocantes, dá volume e os conserva por mais tempo.

Outra novidade é a inclusão no rótulo de medidas caseiras (por exemplo, um copo, uma colher) para descrever as porções. Ou seja, o consumidor saberá quanto de gordura haverá em cada colher do seu sorvete preferido. “Esses dados ajudarão o consumidor a evitar a gordura trans”, diz Antônia Aquino, gerente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária.