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Ritmo cardíaco Na academia Stella Torreão, todos os doentes são avaliados pelos médicos periodicamente

Atividade física é a recomendação para uma vida saudável. Mas é preciso cuidado. Em fevereiro, a academia carioca Proforma foi palco de dois incidentes, um deles com falecimento. No dia 11, a advogada Natasha Fabrini, 35 anos, morreu após sentir-se mal durante uma aula de ginástica, e, no dia 26, a jornalista Ticiana Azevedo, 46 anos, acabou na UTI do Hospital Samaritano após desmaiar na mesma academia. Os fatos dão visibilidade a um problema: as academias precisam estar preparadas para resolver incidentes antes que as conseqüências sejam irreversíveis. Mas estão?

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Mal súbito Ticiana Azevedo se exercitava quando sofreu um desmaio. Foi socorrida e levada ao hospital. Está na UTI e se recupera bem

A resposta é difícil. Segundo Marcelo Costa, vice-presidente do Conselho Regional de Educação Física do Rio de Janeiro, as academias são orientadas sobre os cuidados com segurança, mas essas recomendações não são obrigatórias. “Estamos finalizando um manual para padronizar e fiscalizar”, diz. Para Eduardo Saad, do Hospital Pró-cardíaco, equipes bem treinadas em primeiros socorros e desfibriladores (aparelho que normaliza os batimentos cardíacos por meio de descarga elétrica) reduziriam os riscos de morte súbita nas academias. “Apenas 2% das pessoas sobrevivem a uma arritmia maligna sem o instrumento. Em compensação, 50% sobrevivem se for usado”, afirma Saad. A arritmia cardíaca, causada por distúrbios do ritmo do coração, responde por mais de 90% das mortes súbitas, segundo o cardiologista Jacob Atié, da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Mãe de Ticiana, a advogada Palmyra Garibaldi diz que ainda não se descobriu a causa do mal súbito da filha, mas a arritmia é uma das especulações. A jornalista continua na UTI, mas se recupera bem. Já Natasha fazia ginástica quando teve uma convulsão. Ela recebeu os primeiros socorros, os bombeiros foram acionados, porém, quando chegaram, ela estava morta. Segundo a Proforma, este foi o primeiro óbito em 21 anos de história. “O que aconteceu foi uma fatalidade”, afirma Paulo Malta, sócio-proprietário da academia. As apurações sobre a causa da morte ainda não foram concluídas.

Várias academias mantêm vigilância quanto à saúde dos alunos, como a Stella Torreão. Lá, os clientes passam por avaliação médica. E aqueles com doenças cardíacas ou diabete, por exemplo, exercitam-se acompanhados por um médico. Além disso, todos os funcionários recebem treinamento em primeiros socorros.

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