Prejuízo! Este é um termo desconhecido para o empresário Ari Nedeff, 55 anos. Os negócios desse gaúcho de Encantado, cidade a 140 quilômetros de Porto Alegre, andam tão quentes quanto as grelhas nas quais são assadas as peças de carne que trazem deleite para os clientes de suas churrascarias. Tudo vai tão bem que os cortes precisos e macios chegaram ao concorrido mercado americano. Na quinta-feira 15, Nedeff e seus sócios brasileiros e americanos inauguraram O Gaúcho Rodízio, em Boca Raton, um sofisticado balneário da Flórida. Com picanhas, maminhas e costelas, eles querem conquistar o paladar americano, habituado a cachorros-quentes e hambúrgueres.

A chegada aos EUA é a grande aposta do empresário, hoje à frente da rede Novilho de Prata, com seis casas na cidade de São Paulo, e do Grupo Montana, com restaurantes em São Paulo, Campinas, Goiânia, Rio de Janeiro e Porto Alegre. Ele tem também entre seus sócios os sertanejos Chitãozinho e Xororó. “A dupla às vezes dá uma palhinha. Até a Sandy e o Júnior aparecem de vez em quando”, conta Ari. Juntos, os empreendimentos, que geram mais de mil empregos, devem faturar R$ 40 milhões em 2004. “Como todo bom gaúcho nasci comendo carne. Ser dono de uma churrascaria era até um caminho natural. Mas feito de muito trabalho, dedicação e economia”, diz.

O empresário aprendeu os segredos da carne com o pai, um tropeiro  que levava gêneros alimentícios de Sarandi, para onde se mudou ainda pequeno, a Porto Alegre. Na adolescência, começou a ouvir falar das churrascarias de beira de estrada. Sonhava em trabalhar numa delas. Realizou o desejo quando um primo comprou um restaurante em Itatiaia, no Rio de Janeiro. Ali foi de garçom a gerente. Logo veio o desejo de virar proprietário. Chegou a rodar mais de 1,2 mil quilômetros de  estrada a bordo de um Fusca, procurando um ponto adequado.
Encontrou em São Gonçalo do Sapucaí, sul de Minas. Mas não deu certo. Seis anos depois inaugurou o Novilho de Ouro em Guarulhos, na Grande São Paulo. Depois disso, só sucesso.

Casado há 26 anos com Ivane e pai de Carlos, 18 anos, e Ariane, 24,

Ari só troca a grelha de assar pela vara de pesca. Quando está de férias, vai para o Pantanal. Mas peixe não é seu forte. Logo muda a conversa e lembra do leitão à paraguaia que preparou para a família no final do

ano, na confortável casa da Riviera de São Lourenço, condomínio de

luxo do litoral norte de São Paulo. Quem o vê falar crê que preparar um bom churrasco é a coisa mais fácil do mundo. “Não tem segredo, 80% é boa carne. O resto é faca afiada, corte preciso e sal grosso.” Alguém duvida que ele está certo?