Quem nunca sonhou em conhecer em detalhes a rotina das belas vilas européias hospedando-se num tradicional bed and breakfast? O conceito, que seduz turistas do mundo todo, foi implantado no histórico bairro de Santa Teresa, no Rio de Janeiro. A idéia partiu de quatro amigos que desejavam mostrar aos viajantes um pouco mais sobre o cotidiano da capital fluminense. Assim, Carlos Magno Cerqueira, formado em turismo, em sociedade com o designer João Vergara, o engenheiro Leonardo Rangel e a estudante Roberta D’Alencastro,
montou a empresa Cama e Café. Cem famílias do bairro abraçaram o projeto e adequaram suas casas para receber hóspedes. Além da primeira refeição, disponibilizam um pouco das tradições e costumes brasileiros. À empresa cabe administrar as casas cadastradas e fazer a intermediação entre elas e os visitantes.

Cada casa tem geralmente apenas um quarto e o turista fica inserido na rotina da família. De férias no Rio, o casal de ingleses Charllote e Oliver Mackaness preferiu o estilo alternativo e escolheu uma atraente construção do início do século XX para se acomodar. “Hotéis são iguais em qualquer lugar. Queríamos experimentar o estilo de vida das pessoas daqui”, explica Oliver. O turista recebe um mapa detalhado do bairro, destacando museus, bares e ateliês, e um cartão personalizado para descontos e pequenas regalias no comércio. Recentemente criado, o menu cama e café também está disponível em todos os restaurantes da área e oferece entrada, prato principal e sobremesa, ressaltando a qualidade da culinária nacional.

A acidentada Santa Teresa tem poucas opções de transporte, mas compensa os visitantes com arte, cultura e lazer noturno. A vista panorâmica de 360 graus do Rio é um ponto forte, tanto quanto os diversos botequins. “A proximidade com o Cristo Redentor e a Estrada
das Paineiras deixa qualquer estrangeiro deslumbrado”, exalta Ana Maria Clark, dona de uma concorrida mansão colonial que aderiu ao projeto. Com um custo inferior ao de hotéis, o Cama e Café oferece instalações austeras e luxuosas com diárias entre R$ 75 e R$ 250, atraindo um público eclético. “O turista escolhe a casa a partir de pequenos detalhes, desde restrições a animais até preferências como talheres de prata”, conta o sócio do Cama e Café, João Vergara. O secretário de turismo da cidade, Rubem Medina, que vem de uma família de publicitários, diz que a chave para o sucesso da idéia é a criatividade. “O Rio é um mercado promissor e o Cama e Café é uma excelente iniciativa, que gera ainda mais empregos no turismo”, afirma.