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COM SEDE
Em busca da reeleição, Barack Obama percorre o país para ganhar
apoio: indicadores econômicos em alta melhoraram sua popularidade

Enquanto uma nuvem de pessimismo paira sobre a economia global, ventos carregados de otimismo sopram do palco que detonou a crise financeira dos últimos três anos: os Estados Unidos. Basta dar uma espiada nos indicadores econômicos para comprovar o justificado entusiasmo do presidente Barack Obama. No período de julho a setembro, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 2,5% na comparação com o trimestre anterior, as vendas de carros registraram em outubro o oitavo mês consecutivo de alta (o que já causa efeitos positivos nos balanços da GM e Ford), o faturamento das grandes redes está perto de voltar aos níveis pré-crise e os gastos dos consumidores subiram de forma significativa, para citar os exemplos mais visíveis. “O país definitivamente superou a crise financeira de 2008, mas ainda sente seus efeitos colaterais”, disse à ISTOÉ a americana Michelle Meyer, economista-sênior do Bank of America Merrill Lynch. Não à toa, Obama também viu sua popularidade aumentar, o que pode ser decisivo para sua reeleição em 2012.

A atual conjuntura surpreende. Afinal, até pouco tempo atrás a economia americana parecia caminhar para o colapso. Em agosto, democratas e republicanos disputavam no Congresso e no Senado as condições para que se aumentasse o teto da dívida, e Barack Obama via sua reputação ser ainda mais abalada pelo rebaixamento dos títulos do Tesouro americano. Para debelar a crise, Obama anunciou um pacote de estímulos de cerca de US$ 447 bilhões, com cortes de despesas públicas e aumento de impostos. A recepção, porém, foi morna e o pacote, que foi rejeitado pelo Senado, ainda sofre com impasses na votação do Congresso. Por isso mesmo, chama a atenção a leva de indicadores positivos. “É óbvio que, baseado nas estatísticas, não há recessão no horizonte”, escreveu em um relatório Brian Wesbury, economista-chefe da consultoria First Trust. “A economia está indo bem e deve continuar assim nos próximos meses.”

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ÀS COMPRAS
Em Nova York, loja da Macy’s enfeitada para o Natal:
projeções otimistas para as vendas de fim de ano

A dúvida dos especialistas é saber até que ponto a recuperação é sustentável. Embora os pedidos de auxílio-desemprego tenham caído para o menor nível desde abril, o ponto mais sensível da gestão Obama continua sendo o desemprego, que atinge 13,9 milhões de americanos, o equivalente a 9% da população do país. Para efeito de comparação, no Brasil o índice é de 6%. “O mercado de trabalho está longe de operar em seu completo potencial, mas está seguindo na direção correta”, defendem os analistas da First Trust. “Ninguém está satisfeito com isso, mas é uma recuperação.” Para Michelle Meyer, o mercado de trabalho está “cicatrizando de forma lenta”. Dos quase 8,8 milhões de empregos perdidos durante a crise, até agora apenas 2,3 milhões foram recuperados. “Parece claro que estamos falhando no tema do emprego”, disse recentemente Ben Bernanke, presidente do Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos.

Economistas apontam o mercado de habitação como o principal obstáculo para a retomada. Não custa lembrar: apoiado em frágeis hipotecas, o setor imobiliário foi um dos responsáveis pela crise iniciada em 2008. Atualmente, o preço dos imóveis continua proibitivo para a maioria dos americanos e a concessão de crédito para a compra da casa própria se mantém rigorosa. Por ora, as expectativas recaem sobre o comportamento dos consumidores durante o período de Ação de Graças e do Natal, datas mais fortes do comércio americano. Grandes redes como Macy’s, Target e Kohl’s anunciaram na semana passada que, pela primeira vez, vão participar da famosa “Black Friday”, madrugada em que as lojas oferecem grandes descontos. A expectativa da Federação Nacional de Varejo é que as vendas cresçam 2,8% entre novembro e dezembro. Se a precisão se confirmar, será um alívio para a economia do país, embora os tempos gloriosos ainda pareçam muito distantes.

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