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A agenda da presidente Dilma Rousseff no último dia da cúpula do dos chefes de Estado e de Governo do G20 se iniciou com uma reunião bilateral com a chanceler alemã, Angela Merkel, no início da manhã desta sexta-feira, em Cannes (França). As duas não conversaram sobre os principais assuntos na pauta do G20, como a crise na zona do euro e a reforma do sistema financeiro. A reunião entre as governantes durou meia hora e aconteceu antes do início da agenda oficial do evento.

O encontro foi focado na intensificação dos esforços do G4 – formado por Brasil, Alemanha, Índia e Japão – para defender a reforma do Conselho de Segurança da ONU. Os dois países desejam ser integrados como membros-permanentes do órgão. As líderes também abordaram a repressão dos protestos populares na Síria, assunto sobre o qual os dois países têm visões distintas. Merkel convidou a presidente brasileira para participar de uma feira de tecnologia na Alemanha em 2012.

Na sessão trabalho com os demais participantes da cúpula sobre clima, nesta manhã, Dilma voltou a defender a posição brasileira de que os países dividam as responsabilidades das mudanças climáticas globais, mas assumam compromissos diferenciados – os países desenvolvidos devem realizar mais esforços que os demais. A presidente pediu que os países se comprometam com metas de reduções de emissões de gases de efeito estufa, porém os países em desenvolvimento não podem ser penalizados economicamente para cumprir os acordos.

"Os países em desenvolvimento estão prontos a oferecer uma contribuição, que seja compatível com a redução da pobreza, sem impor obrigações financeiras adicionais", afirmou Dilma no plenário do G20. "Durban não pode repetir o insucesso de Copenhague", exortou, referindo-se à cúpula de mudanças climáticas de 2009. Recheada de expectativas para um compromisso global de reduções de emissões, Copenhague terminou sem consenso entre os países. A próxima rodada de negociações acontecerá em Durban, na África do Sul, entre os dias 28 de novembro e 9 de dezembro.

"A responsabilidade pública dos países desenvolvidos é central" disse. Dilma convidou os membros do G20 a participarem da conferência Rio + 20, em 2012, para comemorar os 20 anos da Rio 92, quando "o mundo começou a tomar consciência das mudanças climáticas". O presidente francês, Nicolas Sarkozy, respondeu garantindo que os líderes reunidos em Cannes "estarão lá".

O encontro do G20 termina no início da tarde de hoje. Às 15h, (12h em Brasília), Dilma realiza um último encontro bilateral, com o primeiro-ministro da Turquia, Recep Erdogan, antes de partir para Paris, onde amanhã será recebida pela secretária-geral da Unesco, Irina Bokova. A presidente ainda não definiu quando retorna ao Brasil e poderá permanecer na capital francesa até domingo, em "agenda privada", conforme o Itamaraty.

Ainda nesta tarde, Dilma vai dar uma coletiva de imprensa no Palácio dos Festivais de Cannes, onde vai responder a poucas perguntas dos jornalistas. Esta será a primeira vez que a presidente se exprimirá diretamente à imprensa brasileira desde que chegou na cidade francesa. Também o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que acompanha Dilma, ainda não falou sobre as posições que o País defende nas negociações do G20.

Ontem, o Brasil anunciou, ao plenário da cúpula, que está disposto a aumentar a contribuição ao Fundo Monetário Internacional para ajudar os países europeus a se recuperarem da crise econômica. Hoje, o País é o 17º que mais dá dinheiro ao órgão, o que corresponde a 2,46% do orçamento do fundo. Dilma não deu detalhes sobre os valores que o Brasil estaria pensando em fornecer, nem sob que condições aconteceria o aumento da contribuição.

A presidente também afirmou aos colegas do G20 que o país está aberto a avançar nas discussões sobre a criação de um imposto mundial sobre as operações financeiras, à condição que os países do G20 estejam prontos para adotar um piso único de renda, nos moldes da proposta da Organização Internacional do Trabalho, para garantir um mínimo de proteção mundial a seus Estados-membros.