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Hábito Ligia Ywagatuma passa álcool na filha Laura: medo do H1N1

A epidemia de gripe A, também conhecida como suína, despertou um novo hábito na população. Usar álcool gel para higienizar as mãos e evitar a contaminação do vírus H1N1 virou mania. E, em muitos casos, beira a neurose. Donas de casa se desesperam atrás do produto em supermercados e farmácias. Escolas, empresas e outros locais fechados com grande concentração de pessoas já instalaram recipientes disponíveis para o público com a substância. O produto está em falta nas prateleiras do comércio. Os fabricantes não dão conta da demanda, que cresceu até 300%. Há, inclusive, quem se aproveite da situação para vender o que não tem eficácia comprovada contra o vírus.

A paranaense Ligia Ywagatuma, 45 anos, moradora de São Paulo, usa a substância com frequência durante o dia e obriga as filhas, de 8 e 14 anos, e o marido a carregar frascos para a escola e o trabalho. "Compro na farmácia um galão de meio litro para não faltar em casa", conta. O que Ligia – e a maioria das pessoas – não sabe é que caso o álcool gel tenha mais ou menos de 70% de solução alcoólica na fórmula, de nada adianta o esforço. "É nessa concentração exata que o vírus é destruído", afirma o infectologista Eduardo Medeiros, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Nesse caso, até mesmo o álcool de limpeza em gel, se tiver os 70%, funciona. Essa versão também tem emolientes que não agridem as mãos, pois pele ressecada pode rachar e ficar vulnerável aos germes.

O medo de contrair a gripe leva muita gente a cometer outro equívoco: adotar os géis antissépticos cosméticos. Eles não têm efeito comprovado em relação ao atual vírus. A única certeza é que higienizam contra as bactérias. A Natura informou que os consumidores não devem utilizar o gel antisséptico Erva Doce para esse fim. Já a Herbalife garante que o gel da linha Soft Green tem 75% de solução alcoólica e que serve para eliminar o vírus da gripe. Antissépticos perfumados também não são recomendados. "Há risco de o perfume alterar a composição, prejudicando a higienização", diz o infectologista Mauro Salles, da Sociedade Brasileira de Infectologia. Fabiana Tichauer, proprietária da Doctor Clean, que comercializa versões com fragrâncias, se defende. "Realizamos testes e a quantidade é pequena. Não altera a ação", diz.

Os especialistas lembram que o ideal é ter o álcool em locais em que há contato direto com objetos e outras pessoas, não no banheiro (onde é possível lavar a mão). O hábito ajuda a evitar que até mesmo outras doenças se espalhem – segundo a Unifesp, diminuíram, por exemplo, os casos de conjuntivite, também transmitida por contato. Mas manusear um lenço de papel no momento de um espirro ou tosse pode ser ainda mais útil. E para essa "mania", por enquanto, ninguém deu muita importância.

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