01/11/2011 - 15:30
A Anistia Internacional divulou um comunicado nesta terça-feira informando os motivos de ter convidado o deputado estadual Marcelo Freixo (Psol-RJ) a viajar à Europa para falar sobre a expansão das milícias no Rio de Janeiro. Ameaçado de morte, ele deixou a capital carioca hoje e deve retornar em dezembro. De acordo com a Anistia, ativistas de direitos humanos trabalham há anos para acabar com a disseminação das milícias no Estado.
"Para que se consiga eliminar as milícias, é necessário que se tomem medidas de cunho político combinadas com investigações policiais. Tais ações deverão incluir o combate às atividades econômicas irregulares e ilegais que sustentam esses grupos. Os homens e mulheres que tiveram a coragem de enfrentar essas gangues criminosas costumam viver sob extremo perigo, como ficou demonstrado, recentemente, pelo assassinato da juíza Patrícia Acioli, por integrantes da Polícia Militar do Rio de Janeiro", afirmou a Anistia.
O órgão classificou Freixo de "um ativista de direitos humanos de longa data, uma das principais figuras públicas na luta contra as milícias". Na Europa, o parlamentar vai encontrar-se com autoridades e ativistas de direitos humanos para captar apoios que fortaleçam uma ação internacional.
"A Front Line Defenders e a Anistia Internacional reconhecem que as autoridades estaduais têm continuamente fornecido proteção armada ao deputado, e que tal proteção está sendo atualmente reforçada. Entretanto, está na hora de as autoridades federais, estaduais e municipais implementarem as recomendações pendentes da CPI das Milícias, a fim de garantir que todos os cidadãos do Rio de Janeiro possam viver com mais paz e segurança", cobrou a Anistia Internacional.
Secretário de Segurança
O secretário de Segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, enviou na segunda-feira (31) ofício à Presidência da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) informando que o estado já oferece segurança ao deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL).
No ofício, a secretaria também informou que está pronta para garantir a segurança do filho de Freixo, a partir de novembro, conforme pedido feito no dia 26 pelo parlamentar. Beltrame também destacou que o governo está combatendo as milícias no estado e citou, como exemplo desse esforço, a prisão de 598 milicianos desde 2007.
“A Secretaria de Segurança tem como estratégia focar a repressão nos líderes dessas quadrilhas, de maneira a enfraquecer essas ações criminosas”, informa o secretário em nota. E garante que a secretaria investigou todas as ameaças feitas ao deputado.
CPI das Milícias
Em 2008, a CPI das Milícias da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, coordenada por Marcelo Freixo, investigou a atuação de policiais corruptos no Estado. Mais de 200 pessoas, entre efetivos da Polícia Militar, Polícia Civil, Bombeiros e políticos locais foram indiciados.