Dezenas de equipes entraram na corrida e, em 1927, o jovem Charles Lindbergh venceu a competição ao viajar sozinho de Nova York a Paris num monomotor. Voou 5,9 mil quilômetros em 33 horas e meia. A façanha foi o ponto de partida para o surgimento das primeiras rotas aéreas comerciais entre os dois continentes. É exatamente o que pretende o concurso americano X-Prize. Desta vez, o destino
é o espaço.

O prêmio de US$ 10 milhões será da equipe que construir um foguete para vôos suborbitais, que atinjam 100 quilômetros acima do nível do mar e possam transportar no mínimo três pessoas. A máquina deve ter manutenção barata e condição de ser reutilizada no turismo espacial. Como não vale apoio governamental, as naves devem ser 100% privadas. “O objetivo é estimular cientistas a desenvolver espaçonaves que possam abrir a fronteira do espaço ao grande público, deixando de ser privilégio de astronautas e de milionários”, explica o engenheiro Peter Diamandis, idealizador do X-Prize e dono de uma agência de turismo espacial. O vencedor será escolhido em 2004.

A idéia é tornar a viagem espacial uma opção turística tão acessível e segura quanto um vôo internacional. As únicas naves capazes de levar pessoas ao espaço são a russa Soyuz e a americana Space Shuttle. O milionário americano Dennis Tito pagou US$ 20 milhões para viajar na Soyuz, em maio de 2001. Com capacidade para seis tripulantes, a nave americana só sai da Terra por US$ 500 milhões. Além de caro, o passeio exige ao menos seis meses de treinamento. “Os veículos criados para o X-Prize serão mais simples, vão exigir apenas uma semana de treinamento e o bilhete custará cerca de US$ 100 mil”, calcula Diamandis.

Milhagem – Cinco países estão na disputa: Estados Unidos, Canadá, Inglaterra, Rússia e Argentina. A idéia é que o passageiro comum experimente a sensação da gravidade zero e assista ao nascer e ao pôr-do-sol durante os 50 minutos de passeio, num espetáculo que só pode ser observado do espaço. Por enquanto, a equipe inglesa está à frente, com o foguete Thunderbird, que cumpriu com perfeição a rota determinada. O próximo passo é levar a tripulação, o que pode ocorrer em até dois anos. “Estamos recrutando interessados”, disse o engenheiro Steven Bennett. Os russos estão inscritos no concurso com uma espaçonave já pronta, a Cosmopolis XXI. O custo do passeio, previsto para 2004, está em US$ 100 mil por passageiro.

Os vôos comerciais devem livrar os astronautas do estorvo das visitas turísticas. O desejo de Dennis Tito de visitar o espaço a bordo de uma nave russa quase criou um incidente diplomático. Os americanos se recusavam a ciceronear o hóspede sob o argumento de que sua visita atrapalharia o trabalho científico. Os russos venceram o embate. A próxima visita está programada para abril e desta vez quem embarca é o sul-africano Mark Shuttleworth.

A companhia aérea americana US Airways já adaptou seu sistema de milhagens. Desde a segunda-feira 11, o passageiro que acumular 250 mil milhas ganha uma passagem de ida ao espaço. A única participação sul-americana no concurso é a da Argentina, que testa o foguete Gauchito.