Detesto dizer adeus, mas adoro trocar um até logo. Também tenho pouca tolerância com clichês, embora recorra agora a um dos mais insuportáveis: o texto de despedida. Ele se faz necessário por ser o último que escrevo neste espaço ainda em Guadalajara. Como seus congêneres, ele será cheio de agradecimentos, pieguices e mensagens fofas. Vamos ao texto. Só não diga que não avisei.

Começo com um muchas gracias ao povo de Guadalajara. As pessoas daqui nos deram muitas dicas erradas no trânsito, mas também encontramos quem generosamente se desviasse do caminho para nos levar ao destino. Obrigado pela paciência com o meu portunhol ruim, o que nunca foi um impeditivo para a comunicação. Valeram os sorrisos, as brincadeiras, as demonstrações de afeto e de respeito. Jamais pensei que escreveria algo do tipo, mas, por conta do povo daqui, passo a incluir Guadalajara na restritíssima relação das cidades fora do Brasil nas quais toparia viver. Yo soy tapatío (o gentílico que eles usam por aqui)!

Valeu, parceiro João Castellano. Em muitos momentos, a sua disposição e paixão para obter “aquela” foto foram o combustível que me manteve ativo mesmo nos dias em que estávamos estragados de cansaço. Obrigado por tolerar as minhas falhas – que não são poucas – e, na medida do possível, transformar essa nossa epopeia numa aventura divertida. Adorei cada piada, musiquinha e patadas leves que trocamos nesses 20 dias. Aprendi muito sobre mim e sobre você. E, como combinado, nossa amizade sai do Pan mais forte do que entrou.

Obrigado, amigos e amigas. Por e-mail, torpedo, telefone e Facebook enviados do Brasil, vocês forneceram o arrozinho com feijão sentimental indispensável para a manutenção do meu equilíbrio. Alô, colegas de profissão que estão por aqui, vocês também têm parte nisso.

Muito, mas muito obrigado a você, que perdeu uns minutinhos da vida passando os olhos sobre as minhas palavras, comentando, sugerindo, incentivando. Afinal de contas, sem você, nada disso teria razão de existir.

Ai, quase ia me esquecendo (vai que eles leem este texto): obrigado, patrões, pela oportunidade de aprendizado que foi essa vinda ao Pan. Nenhum jornalista tem o direito de morrer sem participar de um evento dessa magnitude.

Por fim (quando penso nesse agradecimento, tenho vontade de virar o texto de ponta cabeça), obrigado, mãe. Daí do Paraíso, a senhora continua ajuizando os passos desse seu menino e repetindo o bordão que anima e ilumina: quando não tivermos mais nada, ainda teremos o humor.

Bom, e agora dá licença que eu tenho de ir logo ali sentar na mala. Só assim será possível fechá-la, tão cheia que está de memórias, lições, roupa suja, papéis e presentes para a família.

Valeu demais