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LOTAÇÃO
Acima, tumulto nas ruas de Mumbai, na Índia. Abaixo, Kofi Annan e o bebê número 6 bilhões

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Aos 12 anos, o garoto bósnio Adnan Nevic é uma das poucas celebridades de Visoko, pequena cidade perto da capital Sarajevo. Ele não faz parte do elenco de algum programa de televisão infantil nem sobe aos palcos como um improvável Justin Bieber da antiga Iugoslávia. A fama de Adnan é fruto de uma escolha tomada pela ONU em 1999. Naquele ano, a cúpula das Nações Unidas resolveu eleger uma das crianças nascidas nos escombros da Guerra da Bósnia para marcar a chegada do habitante número 6 bilhões ao nosso planeta. Mais de uma década depois, o menino reflete sobre seu sucessor. “Gostaria que a chegada do bebê 7 bilhões trouxesse paz para o mundo”, disse o garoto para o jornal inglês “The Guardian”.

Infelizmente, é muito provável que o desejo do jovem bósnio passe em branco. Segundo os cálculos da ONU, a criança-símbolo de mais esse significativo momento da humanidade, marcado para a segunda-feira 31, deve nascer na Índia, um dos países mais populosos e díspares do planeta. Nas favelas de Mumbai ou Nova Délhi, ela pode ser recebida pelas adversidades de um mundo onde se sobrevive com menos de US$ 2 por dia, a água é um bem cada vez mais raro e a falta de saneamento básico ainda é responsável por altos índices de mortalidade infantil.

“A população mundial vai continuar a crescer e precisamos estar preparados para isso”, diz Richard Kollodge, um dos editores do relatório das Nações Unidas sobre a expansão populacional divulgado na semana passada. Uma análise dos números compilados no trabalho revela dados importantíssimos sobre a evolução de nossa espécie e as diversas maneiras como construímos nosso legado, geração após geração.

O grande responsável pela explosão populacional da segunda metade do século passado foi o chamado baby boom do pós-guerra. Na década de1950, a média global de filhos por mulher chegava a 6. Hoje, o número estabilizou-se em 2,5. Essa desaceleração, somada aos avanços na medicina e na melhoria das condições de vida nos países em desenvolvimento, deve fazer com que o intervalo entre um bilhão e outro de terráqueos aumente progressivamente (confira quadro à direita). Mesmo assim, os recursos naturais do mundo serão consumidos em ritmo cada vez mais intenso.

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Mais uma vez, os especialistas afirmam que a única solução para nossos herdeiros chegarem ao final do século XXI a bordo de um planeta minimamente saudável reside na combinação de educação, uso inteligente de nossas riquezas e planejamento. Afinal, algumas estimativas apontam que o número de habitantes em 2100 chegue a impressionantes 15 bilhões.

A ONU já anunciou que, desta vez, não recorrerá à arriscada estratégia de marketing de escolher seu bebê 7 bilhões. Há 12 anos, dois dias depois de dar à luz Adnan, a mãe do menino bósnio o entregou a Kofi Annan, ex-secretário geral da ONU, que posou orgulhoso para a matilha de fotógrafos. Foi a última vez em que eles se encontraram. “Pensávamos que Annan seria como um padrinho para ele”, diz Jasminko Nevic, pai do garoto. Ledo engano. 

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