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DEVAGAR
João Victor Silva relê páginas e capítulos para degustar a história

A pressa é a alma da sociedade moderna. Mas, na contramão, surgem movimentos para propagar a calma. Ou melhor, a degustação de tudo que pode ser feito mais devagar. Assim como o fast food (comida rápida) teve o movimento reverso, o slow food (hábito de comer devagar), agora é a vez de desbancar o speed reading, ou leitura dinâmica. Bem-vindos ao tempo do slow reading – a leitura que é feita lentamente com o objetivo de valorizar a reflexão. O assunto acaba de chegar ao Brasil pelo livro “Slow Reading – os Benefícios e o Prazer da Leitura sem Pressa”, do canadense John Miedema. Mestre em biblioteconomia e ciência da informação, o autor acredita que o mundo de hoje pressiona por uma leitura rápida. Basta pensar no Twitter e seus 140 caracteres e em outras redes sociais que fazem sucesso à base da síntese. Ainda assim, a tese de Miedema tem agradado.

Depois do jantar ou no intervalo do almoço, o engenheiro João Victor Silva Antunes, 25 anos, adora pegar um livro para ler sem pressa de terminar. “Leio com muita paciência, às vezes relendo algumas páginas ou capítulos. Sempre tem algo que você não capta de primeira”, diz. É seu momento de desconectar. Mesmo processo da professora Gloria Tüxen, 48 anos, que considera os livros uma fonte de descanso. “Lendo com calma você se dá conta da beleza das palavras escolhidas, da capacidade criativa do escritor e curte mais a história”, diz Glória, que tem sempre vários livros na mesa de cabeceira e costuma anotar as passagens mais significativas. Os defensores do slow reading dizem que a leitura dinâmica faz do leitor um turista, que pula de uma experiência a outra, percebendo apenas os destaques da narrativa, e não o todo.

Porém, no mundo corrido de hoje, nem tudo é para ser lido devagar. Para a professora de língua portuguesa da Universidade do Estado do Rio de Janeiro Maria Teresa Tedesco é o objetivo da leitura que define o ritmo. “A leitura lenta talvez seja mais propícia à meditação e reflexão enquanto a leitura rápida está mais ligada à funcionalidade”, diz. Assim, se o objetivo é curtir e relaxar, o jeito é desacelerar.

"A leitura lenta talvez seja mais propícia à meditação e reflexão,
enquanto a leitura rápida está mais ligada à funcionalidade"

Maria Teresa Tedesco, professora da Uerj

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