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A Bolsa de Valores de São Paulo, Bovespa, encerrou o pregão nesta quinta-feira (27) em forte alta, refletindo o otimismo dos investidores com o acordo de líderes europeus sobre medidas contra a crise da dívida no continente. O Ibovespa fechou com ganhos de 3,72%, aos 59.270 pontos. O volume financeiro da sessão foi de R$ 9,5 bilhões.

As bolsas de valores da Europa fecharam no maior patamar das últimas 12 semanas, com os bancos em disparada. A Bolsa de Paris liderou o aumento, com 6,28%, seguida de Milão, com 5,49%, Frankfurt, com 5,35%, Madri, com 5%, e Londres, que teve o ganho mais modesto, de 2,89%.

Ajuda externa

Apesar do otimismo, a decisão da Zona Euro de chamar países emergentes como China para resolver a crise do euro preocupa os europeus, que se perguntam o que Pequim pedirá em troca. O presidente francês, Nicolas Sarkozy, conversa nesta quinta-feira por telefone com seu colega chinês Hu Jintao para falar do projeto.
 
Segundo fontes diplomáticas, a China está interessada em ajudar a Europa através do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (Feef), do qual os europeus decidiram elevar sua capacidade para até 1 trilhão de euros na cúpula concluída nesta quinta-feira em Bruxelas.
A ajuda da China e de outros países do grupo dos Brics (Brasil, Rússia, Índia e África do Sul) poderá ser discutida na cúpula do G20, que reúne os países industrializados e emergentes na cidade francesa de Cannes em 3 e 4 de novembro.
 
Mas a China ainda não confirmou nada, apesar de já ter começado a dar sinais de estar interessada. Autoridades chinesas asseguraram nesta quinta-feira que "apóiam as medidas ativas da Europa para responder à crise financeira".
 
"Devemos explorar os meios para reforçar a cooperação bilateral sobre a base de um benefício mútuo", afirmou um porta-voz do Ministério de Relações Exteriores. A China, segunda maior economia mundial, sempre manifestou seu interesse em proporcionar estabilidade e prosperidade na União Europeia, "maior economia mundial", disse o porta-voz..
 
O bloco dos 27 países europeus é seu maior parceiro comercial e principal receptor de suas exportações. E do lado europeu a tentação é grande: a China está "sentada" em suas confortáveis reservas de 3,2 trilhões de dólares, investe uma parte crescente de seus ativos em euros e já prometeu apoiar Grécia, Espanha ou Portugal.
 
Segundo especialistas franceses e alemães, a China possui o equivalente a 500 bilhões de dólares em títulos de dívida pública europeia, mas a maior parte de suas reservas está em dólares, e busca diversificá-las. O diretor do Feef, Klaus Regling, chegará na sexta-feira a Pequim antes de seguir para o Japão, outro dos potenciais candidatos a resgatar a Europa. 
 
De qualquer forma, ainda há poucos detalhes sobre como a China poderia utilizar esse fundo de emergência para ajudar os europeus. Sobretudo porque a Zona Euro e as autoridades do Feef ainda finalizam os detalhes de como e quando colocarão em andamento um "veículo" financeiro ligado ao Fundo Monetário Internacional que atrairá "investidores do setor privado, público ou de países emergentes". O FMI está disposto a dar seu apoio, mas já garantiu que não aportará fundos.
 
Apesar disso, alguns europeus estão preocupados com os riscos tanto financeiros como morais de pedir ajuda a países não europeus. Já as ofertas de ajuda de Pequim a países como Grécia e Portugal, poucos meses atrás, provocaram resistências. "Podemos imaginar que se Pequim resgatar a Zona Euro, o fará sem nenhuma contrapartida?", questionou o candidato socialista à presidência François Hollande. "Seria se colocar em uma situação de fragilidade diante de um país, é necessário estar preparado", disse o deputado francês Michel Sapin.
 
Para o deputado europeu Daniel Cohn-Bendit, trata-se de uma "aberração". "Não podemos negociar uma proteção ao meio ambiente com um país e ao mesmo tempo pedir que ele pague sua crise financeira", opinou. O primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, já expressou seu interesse em ajudar a economia europeia, em troca de a UE reconhecer o estatuto de "economia de mercado" do país.
 
Essa medida facilitaria a entrada de produtos chineses, em um momento em que tanto a Europa como os Estados Unidos pressionam para que Pequim valorize o yuan, por considerar que a moeda está artificialmente baixa para favorecer as exportações do país asiático.