Todos os dias milhares de mulheres lotam os consultórios em busca de alívio para os sintomas da tensão pré-menstrual. São problemas como enxaqueca, inchaço, alteração de humor e profunda irritação, que exigem dos médicos uma conduta adequada para cada caso. Na opinião de especialistas latinoamericanos, muitos profissionais dão pouca importância às reclamações das pacientes. Por isso, nem sempre as medidas terapêuticas sugeridas atendem às necessidades dos cerca de 16 milhões de mulheres que sofrem dessa síndrome no País.

Comportamento semelhante é adotado em diversos países da América Latina. Por causa dessa constatação, especialistas criaram diretrizes para tornar mais adequados o diagnóstico e o tratamento. Apresentado na última semana, o 1o Consenso Latino-Americano de TPM foi publicado na revista científica Disease Management e Health Outcomes.

O documento parte de um pressuposto simples: é preciso respeitar as queixas das mulheres. “Alguns médicos dizem às pacientes que sentir incômodos na TPM é normal. Mas quem disse que ter dor, por exemplo, é normal?”, indaga o ginecologista Luís Bahamondes, da Universidade Estadual de Campinas e coordenador do trabalho. “Qualquer reclamação deve ser tratada.”

O conteúdo do documento segue praticamente os mesmos critérios estabelecidos pelo Colégio Americano de Ginecologia. Uma das sugestões diz respeito ao cuidado com o reconhecimento e diagnóstico do problema. “Sugerimos uma investigação mais criteriosa dos sintomas a partir de uma lista de perguntas que devem ser feitas à paciente”, diz Bahamondes. Com as respostas, é possível classificar o grau de intensidade da TPM.

Nos casos mais severos, recomenda- se o uso de ansiolíticos e antidepressivos. Nos mais leves, há opções não medicamentosas, como a ioga ou a acupuntura. Um dos recursos recentes do tratamento é a pílula anticoncepcional Yaz. O remédio vem tendo boa aceitação entre os médicos. “Ele está se mostrando eficaz contra os sintomas”, diz Lee Shulman, professor da Escola de Medicina da Universidade de Northwestern, nos EUA. Foi a esse contraceptivo que a designer paulista Fernanda Calfat, 26 anos, recorreu: “Sofria demais. Sentia dores nas costas, inchaço nos pés e ficava muito deprimida. Aos poucos, experimento uma nova fase em minha vida.”

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