chamada.jpg
PERIGO
Redes Wi-Fi abertas são um risco

Você troca e-mails e organiza a agenda pelo celular. Diz com quem está e publica fotos pelo tablet. Checa o extrato do banco, faz pagamentos e encontra endereços com ajuda dos dois aparelhos. Mas você usa um antivírus nessas maravilhas multifuncionais? A resposta, muito provavelmente, é não. Segundo pesquisa da Symantec, uma das maiores empresas de segurança digital do mundo, 74% dos donos de dispositivos móveis – como celulares e tablets – não usam programas de segurança nos aparelhos. E mais: houve um aumento de 43% no número de vulnerabilidades nesses sistemas entre 2009 e 2010. “A segurança que se tinha ao usar aparelhos móveis está com os dias contados”, diz Renato Ópice Blum, coordenador do curso de direito digital da Fundação Getulio Vargas. “Com milhões de usuários novos, o celular e o tablet viraram alvo dos cibercriminosos.”

Os usuários de celulares e tablets com sistema operacional Android, do Google, que detém quase metade do mercado, são os mais visados. Por ser um dos sistemas mais abertos aos aplicativos desenvolvidos por terceiros, o Android tem um cardápio quase infinito de programinhas. Tanta variedade, porém, inviabiliza a vistoria minuciosa do que entra no chamado Android Market, de onde se baixam os aplicativos, abrindo brechas para a ação de criminosos. Recentemente, foram descobertos 80 aplicativos que continham códigos maliciosos do tipo cavalo de troia. Instalados, eles podiam reunir senhas, fotos e contatos e transmiti-los a terceiros. Por isso, boa parte dos antivírus para dispositivos móveis chega primeiro em versões para Android e só depois para sistemas como o iOS, da Apple – que roda em iPhones, iPads e iPods Touch – o BlackBerry OS e o Symbian.

Quem utiliza o programa da iOS dentro do sistema fechado da Apple está mais seguro. Mas quem opta por desbloqueá-lo para baixar aplicativos além da App Store está vulnerável. “E, no Brasil, são muitos os aparelhos que funcionam assim”, afirma o advogado Raphael Loschiavo, especialista em direito digital. O usuário ganha variedade, mas perde segurança. “Nessas situações até os dados de geolocalização podem ser ativados remotamente e acessados com fins pouco nobres”, diz Blum. O GPS, aliás, embutido em quase todos os celulares top de linha atualmente traz conforto – e riscos. Em pouco tempo, dizem os especialistas, veremos o crime organizado recorrendo a esses registros de localização hackeados para planejar assaltos e sequestros. “Será muito fácil, para o bandido, cruzar dados como esses com informações já disponíveis em redes sociais que revelam poder aquisitivo de uma possível vítima”, afirma Loschiavo.

Usado com cuidado, porém, o GPS vira aliado tanto na hora de localizar um endereço quanto encontrar aparelhos quando eles são perdidos ou roubados. Há duas semanas, um tablet perdido em Uberlândia (MG) foi localizado a 100 quilômetros do local do furto graças a um software de localização por GPS. Situação parecida ocorreu na segunda-feira 17, quando outro tablet roubado em São Paulo foi recuperado graças a software parecido. O dono acompanha, pela internet e em tempo real, a localização de seus aparelhos. A precisão é tanta que, no caso de São Paulo, viabilizou até a prisão de um dos ladrões.

“Instalar um antivírus e um localizador é uma opção para evitar problemas assim”, diz José Matias, gerente regional da McAfee, outra empresa de segurança digital. Blum concorda: “Proteção profissional é a melhor alternativa”, diz. Ainda são poucas as opções desses programas, mas elas existem principalmente para celulares que rodam os sistemas mais populares, como Android, iOS, BlackBerry OS, Symbian e Windows Mobile. Quem usa outros sistemas deve tomar certos cuidados até que a proteção oficial chegue. Com o aumento dos cibercrimes em dispositivos móveis, isso não deve demorar.

img.jpg