Eles estão em todos os lugares. Assim que o sol se põe aparecem na novela global O beijo do vampiro. Em horários diversos são perseguidos por Sarah Michelle Gellar, protagonista de Buffy, a caça-vampiros, seriado do canal pago Fox. Também pululam nas estantes das locadoras de vídeos, onde acabam de aterrissar A rainha dos condenados, terceiro volume da saga Crônicas vampirescas de Anne Rice, e Blade II – o caçador de vampiros, herói black interpretado por Wesley Snipes, saído das histórias em quadrinhos da Marvel. O reinado das trevas ainda se estende às livrarias. Aos inúmeros títulos que espreitam os leitores juntam-se agora 13 dos melhores contos de vampiros da literatura universal (Ediouro, 320 págs. R$ 39) – coletânea organizada por Flávio Moreira da Costa, obrigatória para interessados no assunto – e o caudaloso O livro dos vampiros – a enciclopédia dos mortos-vivos (M. Books, 1.100 págs., R$ 75), versão revista e ampliada do best seller lançado em 1996 pelo escritor e historiador religioso americano J. Gordon Melton que, se não dá a palavra final sobre o tema, certamente o deixa mais esgotado que as vítimas dos príncipes da noite.

Melton cobre aspectos literários, históricos e socioculturais ligados aos vampiros. Mapeia clubes, associações e redes da internet, aponta extensa bibliografia e enumera os manjados métodos de defesa que incluem alho, crucifixos e água benta. Sua enciclopédia é um complemento para as 13 histórias selecionadas por Costa, entre elas O senhor de Ramplig Gate, da citada Anne Rice, a célebre Carmilla, de Sheridan le Fannu, e O hóspede de Drácula, trecho excluído da versão final da novela de Bram Stoker, considerada a mais importante do gênero.

Drácula, do irlandês Abraham “Bram” Stoker, inspirador de centenas de filmes e que perde em popularidade apenas para o Sherlock Holmes de Conan Doyle, foi escrito em 1897, sendo precedido por outros relatos de vampirismo, como Carmilla, de 1872, mãe de todas as vampiras lésbicas.

Stoker, no entanto, é responsável por ter estabelecido o elenco básico da temática vampiresca: o conde, cujos maiores intérpretes no cinema foram Bela Lugosi, Christopher Lee e Gary Oldman no excelente Drácula de Bram Stoker, dirigido por Francis Ford Coppola; seu perseguidor, o professor Van Helsing; o casal de heróis Mina e Harker; e Renfield, o seguidor abobado do conde dark. Quase todas as histórias vampirescas derivam de Vlad, o Empalador, um tirano que viveu no século XV na região onde hoje se situa a Romênia e onde foi alçado à condição de herói nacional pelo ditador Ceausescu. Tanta informação deixa o leitor atolado até o pescoço. Mas vale a pena o risco.


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