Woody Allen fazer um excelente filme não é novidade – talento de sobra é sua marca registrada. Woody Allen sair de Nova York aos 70 anos de idade, isso sim é de espantar. E ele saiu para trabalhar. Foi para Londres e lá filmou Ponto final – match point (Match point, Inglaterra/Estados Unidos/Luxemburgo, 2005), que entra em cartaz no Brasil na sexta-feira 17. Allen abandonou pela primeira vez o seu hábitat natural nova-iorquino e, mais que isso, trabalhou com atores de Londres – à exceção da conterrânea Scarlett Johansson. Trocou também o jazz (sua paixão) pela ópera. Para completar o rol de novidades desse excelente filme, Allen não integra o elenco nem moldou o protagonista como seu alter ego.

O personagem Chris Wilton (interpretado por Jonathan Rhys-Meyers) é um anti-herói: um modesto irlandês que espera ganhar a vida como professor de tênis enquanto não se decide sobre o futuro. Um de seus alunos é Tom Hewitt (Matthew Goode), que simpatiza com ele. É assim que Wilton se vê repentinamente freqüentando a família e o meio social de Hewitt. Ao se infiltrar na classe alta londrina, o aparentemente honesto Wilton se revela então uma pessoa amoral, iniciando um namoro com Chloe (Emily Mortimer) e flertando ao mesmo tempo com Nola (Scarlett) – respectivamente a irmã e a namorada do amigo. No meio do caminho, a trama de ciúme e traição pega um atalho de suspense e outro de filme policial. Mesmo com sotaque inglês, o genial diretor mantém a sua criatividade. Ou seja: mantém a marca registrada Woody Allen.