As gigantes Philip Morris, American Express e General Electric estão de mudança. Os bancos Itaú e Boston também. Entenda-se: as sedes físicas dessas empresas continuarão nos mesmos lugares, mas grande parte de sua papelada estratégica e documentos jurídicos cruzará a cidade de São Paulo, trocando o centro pela zona sul. Todas essas megaempresas têm em comum o escritório Pinheiro Neto Advogados, a banca que cuida de cerca de 20 mil processos, fatura perto de R$ 120 milhões ao ano e finaliza os detalhes para uma ousada operação de logística. Depois de 64 anos no mesmo endereço, a firma vai transferir suas duas toneladas e meia de equipamentos de eletrônica e telefonia, 850 computadores, 40 mil livros, 11 quilômetros de estantes, 800 profissionais e mais de dois mil clientes para um edifício de oito andares e 11 mil metros quadrados na marginal do rio Pinheiros. A mudança ganha ares de aventura porque o novo destino foi ocupado pelo Banco Santos, que ali teve sua falência decretada em 2004. “Levamos esse fator em consideração”, admite o advogado Marcelo Avancini Neto, coordenador da operação. “Mas concluímos que fizemos a melhor opção.” ISTOÉ apurou que o novo aluguel custará R$ 600 mil mensais.

O deslocamento do escritório obedece à lógica da aproximação com os clientes. Mais de 60% das empresas atendidas pelo Pinheiro Neto têm sedes na zona sul paulistana. A idéia de mudar do centro, onde o escritório ocupava dois edifícios na tradicional rua Boa Vista, um dos quais pertencente ao Jockey Club, surgiu em setembro de 2004. Graças a negociações feitas há décadas, a banca desfrutava de aluguéis abaixo do mercado. Com a posse de uma nova diretoria do Jockey, não houve acordo sobre o reajuste da locação. A firma, então, acelerou as providências da mudança. A empresa de gerenciamento imobiliário Richard Ellis foi contratada para encontrar um novo ponto. De 90 endereços oferecidos inicialmente, ficaram 20. O atual Edifício Nações ganhou a parada num gesto marqueteiro da construtora JHS, dona do imóvel. Seus diretores enviaram aos advogados uma maquete do prédio com o nome do fundador do escritório – José Martins Pinheiro Neto – grafado no topo. Deu certo.

A nova sede do Pinheiro Neto estará ocupada em junho. A operação de mudança se dará em maio. Mas que ninguém espere uma reviravolta no sóbrio estilo da casa. Os sócios querem manter a atual cor escura dos móveis e o tradicional estilo discreto de atendimento. Por fora, o prédio terá tons marrons. E o nome do lendário fundador acima de tudo.