Apertos rotineiros muitas vezes levam os seres humanos a tropeçar em idéias simples e brilhantes. O Fast Sleep, um hotel para descansos rápidos e cochilos, recém-inaugurado no Aeroporto Afonso Pena, em Curitiba, pelo empresário Walter de Castro Jr., é um caso exemplar. São seis quartos de três metros quadrados com cama, guarda-malas, tevê, telefone e acesso à internet, além de uma ampla recepção. As duas primeiras horas custam R$ 20 e as adicionais R$ 10 cada uma. Hospedado ou não, é possível tomar banho por R$ 15. O kit com sabonete, xampu e toalha sai por R$ 2. O hóspede pode ficar no máximo quatro horas no quarto, tempo médio gasto em conexões nos aeroportos brasileiros.

Castro Jr., 41 anos, colocou o ovo em pé ao notar um grande público nos aeroportos em busca de um espaço para descansar por pouco tempo, sem os altos custos das diárias convencionais. A luz surgiu no ano passado, numa sofrida espera de 12 horas no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, em cadeiras e até num pequeno colchão de um fraldário. “Voltei para casa, vendi minha fábrica de móveis e abri o Fast Sleep.” Dois terminais no mundo prestam serviços parecidos: o de Xangai, na China, e o de Vancouver, no Canadá. “Mas o chinês é um gavetão e o canadense, uma cápsula. Nada confortável como o nosso”, garante ele.

O investimento total foi R$ 220 mil. Apenas duas camareiras e duas recepcionistas trabalham na empresa. Os banhos isolados respondem por 30% do faturamento. “O segredo do sucesso é aliar o prático ao barato”, resume Castro Jr., que planeja levar o Fast Sleep para São Paulo, Salvador, Belo Horizonte, Belém, Manaus e
Porto Alegre. Ele também foi procurado por investidores interessados em implantar
o sistema nos aeroportos de Frankfurt, na Alemanha, e de Madri, na Espanha.
Mas o próximo a receber uma filial da empresa será mesmo o Aeroporto de Guarulhos. Para que poucos sofram como ele naquelas 12 horas de lembranças
tão contraditórias.