Seria uma bela homenagem lançar ao espaço
um dos chapéus da coleção de Santos Dumont,
o Pai da Aviação, justamente no ano do centenário
do histórico vôo do 14-Bis. O astronauta brasileiro Marcos Pontes bem que tentou. Seu desejo era
incluir a relíquia na sua bagagem na nave russa
Soyuz, que partirá do Cazaquistão no dia 30 de
março rumo à Estação Espacial Internacional.
Pontes será um dos três tripulantes da missão – e o primeiro brasileiro a embarcar num vôo orbital. Mas o chapéu de Santos Dumont foi vetado pela agência russa, que exige testes bacteriológicos e de segurança nos itens a serem levados, para evitar contaminação no ambiente da estação. E o chapéu não está em bom estado de conservação. Infestado de fungos, não tem, de acordo com a Agência Espacial Brasileira, a mais remota chance de passar nos rígidos testes russos.

Ainda há uma possibilidade de Santos Dumont ser homenageado. Marcos Villares, sobrinho-bisneto do inventor, enviou para Moscou um lenço de seda do aviador.
Se a peça for aprovada, será incluída na bagagem. Mas levar um dos chapéus
teria um efeito simbólico maior. Em modelos Panamá e feitos de palha, os dele
eram exclusivos. Em 1903, em pleno vôo, Dumont usou o acessório para apagar
um incêndio no dirigível Nº 9. As abas ficaram caídas, mas ele continuou a usar o chapéu e lançou moda. “Dizem que, desde então, ele pedia para um funcionário
em Paris queimar as abas dos outros para ficarem todos do mesmo jeito”, conta Villares. O que iria para o espaço era um dos três ainda intactos. E com abas à
la Dumont, é claro.