O novo governo completa seu primeiro mês de vida. Sem mortos e com poucos feridos, a contabilidade registra mais acertos que tropeços. É evidente que, da longa viagem pela frente, muito pouco foi percorrido, mas o que se nota é que a rota traçada é segura e equilibrada. Com a bússola ajustada rumo à credibilidade, interna e externa, esse começo de viagem já traz frutos para o governo Lula. E os mais viçosos nasceram da delicada manobra de discursar no Fórum Social, em Porto Alegre, e decolar para o Fórum Econômico, em Davos. Um exercício tático de alto risco aparente que resultou em retumbante sucesso. Na capital gaúcha, Lula conseguiu justificar para uma aguerrida platéia sua ida ao covil dos inimigos. Foi ovacionado e, de quebra, ainda conseguiu se livrar do incômodo Bové, o intrépido ativista francês que teimava em ser recebido pelo presidente.

Em Davos, no tal covil dos inimigos, nadou de braçada sem mudar o discurso que fez em Porto Alegre. Deu um forte e eficiente recado, clamando por um fundo para combater a fome e a miséria no mundo sustentado por multinacionais e países ricos. Também reclamou do protecionismo quando defendeu o livre comércio, mas com reciprocidade. A imprensa internacional não economizou elogios a Lula.

Um começo alvissareiro desta longa e difícil viagem. A matéria de capa desta edição mostra que o governo ainda terá muito trabalho.