O ministro das Comunicações, Pimenta da Veiga, reassume o mandato de deputado no começo de abril e, como coordenador da campanha do senador tucano José Serra, terá como principal missão tentar fechar uma ampla aliança político-eleitoral com todos os partidos que ajudaram a eleger Fernando Henrique Cardoso duas vezes presidente. Isso significa tentar um entendimento até com o PFL de Roseana Sarney, que desembarcou do governo com um discurso ruidoso. Político mineiro, de fala mansa e palavras medidas, Pimenta quer ser o bombeiro do incêndio que atingiu o governo. É amigo pessoal do presidente do PFL, Jorge Bornhausen, e usará essa relação para tentar reatar a separação que parece ser definitiva entre tucanos e pefelistas. Depois de três anos e meio à frente do Ministério das Comunicações, Pimenta deixa um saldo que deve servir de vitrine para o candidato tucano.

ISTOÉ – O sr. assume a coordenação da campanha do senador Serra em um momento de guerra. Dá para ser bombeiro nessa situação?
Pimenta da Veiga –
Cabe ao PSDB cuidar da campanha de José Serra. Devemos nos concentrar na valorização do nosso candidato. Ao mesmo tempo, precisamos fazer pontes com os demais partidos. Essa é uma tarefa que demanda tempo.

ISTOÉ – Mas os líderes do PFL já não queimaram as pontes?
Pimenta –
Não é a hora adequada para falar em entendimento com o PFL. Os fatos são muito recentes. Há ainda um caráter emocional pesando sobre eles. Por isso é melhor deixar que a poeira se assente. Ninguém que queira, efetivamente, ser eleito e governar o País pode ignorar o PFL. Talvez não seja possível o entendimento, mas esquecê-lo não deve ser comportamento de ninguém, menos ainda do PSDB. Repito que o importante agora é deixar que o tempo passe um pouco. É preciso ver as feridas existentes, e, se for possível superá-las, seria bom para o País. Não queremos incêndio, queremos a paz e programas para o País.

ISTOÉ – O PFL acusa o governo de montar uma operação de arapongas contra a candidata Roseana.
Pimenta –
O general Cardoso (Alberto Cardoso, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional) é alguém que merece respeito por sua postura como ministro e como cidadão. Ele repele veementemente essa possibilidade. Portanto, fico com a palavra do general Cardoso.

ISTOÉ – E as declarações do governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, que disse ter recebido um dossiê?
Pimenta –
Lamento muito que denúncias tão graves sejam feitas sem apontar as pessoas. É uma situação constrangedora para quem precisa se defender. Ele deveria ter uma responsabilidade maior e indicar a origem do dossiê, para possibilitar uma punição de culpados, se houver, para se preservar. O partido não toleraria envolvimento com isso. Não temos nenhuma evidência ou indício de que tenha acontecido. Essa não é maneira de fazer política, mas estou certo que não há ninguém do
PSDB envolvido.