Mesmo pressionado pela fragilidade do PSB diante das novas regras de alianças partidárias, o governador Anthony Garotinho descarta desistir da candidatura para apoiar Lula. Ele se compara ao protagonista do filme O Gladiador para dizer que o apoio da opinião pública vale mais do que uma base partidária.

ISTOÉ – É verdade que um dossiê contra Roseana Sarney teria sido entregue ao sr. por alguém ligado ao deputado Márcio Fortes (PSDB-RJ)?
Anthony Garotinho –
O que eu tinha de falar sobre esse assunto falei ao ex-presidente José Sarney. Eram acusações graves, mas havia questões de natureza pessoal e eu faço política dessa forma.

ISTOÉ – O sr. tem esperança de receber a adesão do PFL?
Garotinho –
O apoio estrutural do PFL é impossível porque nossos projetos são conflitantes. O do PFL, que é do Fernando Henrique, proporcionou aos bancos um lucro jamais visto por qualquer setor.

ISTOÉ – Como o sr. pretende governar sem uma base partidária forte? Confiando no patriotismo dos deputados ou pagando a negociação no varejo?
Garotinho –
Vamos apresentar nossa agenda e sensibilizar a opinião pública. Quem assistiu ao filme O Gladiador sabe que é impossível ficar contra a opinião pública. O Congresso sabe.

ISTOÉ – Dirigentes do PSB defendem que o sr. apóie Lula. É possível?
Garotinho –
A possibilidade é zero. Unir a esquerda é importante, mas o PT não busca aliança por um projeto, só apoio a Lula. Não vejo críticas do PT ao sistema financeiro. A influência dos bancos no governo Fernando Henrique prejudicou quem produz e causou essa degradação social, a explosão da violência, da miséria e da desordem.

ISTOÉ – O sr. ainda tem esperança do apoio do PMDB?
Garotinho –
Michel Temer me disse que o partido tem três divisões. 40% são Serra, outros 40% não querem ter candidato e 20% querem Garotinho. Ele me disse: “trabalhe”.

ISTOÉ – Se sua candidatura não se viabilizar, tentará a reeleição?
Garotinho –
Candidato com mais de 10% já é viável. Quando começou o horário eleitoral em 1989, Lula tinha 8% e quase ganhou. Vocês imaginam que uma candidatura se dá só de forma orgânica, partidária. Sou acostumado a campanhas de massa, fora das estruturas partidárias, envolvendo povo, gente não organizada em sindicatos, mas com sentimento de patriotismo, de amor.

ISTOÉ – Isso não é populismo? Não foi o que Collor fez?
Garotinho –
É reconhecer a deficiência dos partidos. Todo político, respeitando a estrutura partidária, deve buscar um contato mais próximo com o povo.